Últimas indefectivações

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Em nome do Pai

"Os poucos minutos de que Nuno Gomes dispôs para entrar no jogo e marcar um excelente golo terão sido dos mais emocionantes e inesquecíveis da sua vida. Todos sabemos porquê. Erguendo os olhos marejados de lágrimas e os braços para o céu prestou uma homenagem ao pai recentemente falecido. Depois deixou-se abraçar pelos colegas e chorou, coisa que um homem deve sempre fazer, sem preconceitos nem inibições, pelas razões do coração ou por outras igualmente estimáveis e profundas.
Mas há outro motivo pelo qual Nuno Gomes não esquecerá estes escassos minutos. É que eles bastaram para mostrar ao treinador e ao público que ainda pode ajudar o Benfica na luta pelo lugar a que tem direito e porque recebeu uma ovação que guardava em si todo o carinho que os benfiquistas têm por este profissional sério, talentoso, combativo e leal.
A escolha de quem deve formar equipa é sempre uma legítima perrogativa dos treinadores, pois são eles que trabalham com os jogadores, que os conhecem física e psicologicamente e que os avaliam na relação com o grupo. Porém, os aspectos emocionais ligados a um percurso exemplar como o de Nuno Gomes não podem deixar de ser levados em conta. Por isso merece aplauso a decisão de Jorge Jesus de devolver o internacional português aos relvados, porque vale a pena continuar a contar com ele, mesmo que seja para partilharmos os momentos de comoção de que é protagonista.
Os finais de carreira nunca são, seja que área for, processos fáceis de gerir, porque envolvem aspectos emocionais, afectivos e profissionais de uma grande complexidade. No fundo, há um ciclo que chega ao fim quando se tem ainda uma vida inteira pela frente para ser vivida e fruída em pleno. O importante é sempre sair, é parar com a dignidade e a elevação que uma carreira brilhante exige. Tudo o que estiver abaixo disso sabe sempre a muito pouco, por não ser justo."
José Jorge Letria, in O Benfica

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