Últimas indefectivações

sábado, 12 de março de 2011

Escutemos

"“O Benfica pensa que está acima da lei” – diz Pinto da Costa. O presidente do FC Porto puxa os seus galões de líder do campeonato, com 11 pontos de avanço sobre o rival, e faz reluzir a ideia de que o Benfica não tem razões de queixa da arbitragem de Carlos Xistra, deixando a sugestão aos árbitros para não marcarem presença nos jogos em que os encarnados joguem na condição de visitantes. Ironicamente ou talvez não, Pinto da Costa coloca-se ao lado das leis, do Sp. Braga, de Alan, de Carlos Xistra, do Roberto e dos árbitros em geral. Faz-se escutar. Quando “cheira a título” no Dragão.
Se o procurador-geral da República já disse, preto no branco, que admite poder ser escutado sem que haja fundamento legal para isso; se afinal Pinto Monteiro nos veio dizer que qualquer cidadão pode ser escutado sem autorização prévia de um juiz, em função de um indício criminal muito forte, as escutas só podem ser tratadas como piada. As pessoas riem-se?! E quem anda a rir-se de nós? Como nada disto é sério, fica a dúvida se a teatralização de Alan não corresponde apenas a mais uma – entre muitas – cenas de palco.
Os “atores” são bons. Para eles, o umbigo é um sinal que fica ligeiramente acima da traqueia, vizinha da Lei, a loura do quinto esquerdo. Os jovens estão à rasca, pagam para jantar, mas são corridos a pontapé. Metem bola em tudo, não é? Os jovens, está visto, é que andam a teatralizar, mas como é Carnaval, não faz mal, ninguém leva mal. E porque estamos na época do burlesco, se Jesus se antecipou ao rebuliço das matrafonas do Funchal, perdão, de Torres Vedras, é porque estava escrito nas estrelas. Pinto da Costa lembrou-se logo da Úrsula Menor, perdão, mil perdões, da Estrela Polar e, para muitos, nesta cena, derrotando os contestatários do guião, fez todo o sentido a entrada em cena do “arcanjo” Gabriel. Que não, diziam os guionistas do contra, favoráveis à entrada de Vieira. Porque a um presidente responde-se com um presidente. Porque, segundo eles, já chega esta sensação de que... quem se mete com o Pinto, leva.
Há os homens da luta, que ganharam o festival da canção, e há os homens com lata. Campeões da negação e da contradição e da negação da afirmação, numa roda gigante igual à da velhinha Feira Popular. O Mundo parece estar de pernas para o ar, mas o criado-mudo, multiplicado na Liga, não se importa de ficar de cabeça para baixo. Coisas de coreógrafo, que só não entende a colocação do Robertazo entre as velas do altar e os sofás do bordel.
Na República, há um presidente que toma posse e olha para as varizes de Portugal. Uma escandaleira! No Futebol, há dois presidentes, que deveriam morar pelo menos dois andares acima dos presidentes dos clubes, mas, com pose e sem posse, não dizem nada. “O País vive numa situação de emergência social’. A expressão parece corriqueira, mas, em nome da estabilidade (e da farsa), é preciso teorizar sobre o escândalo. Imaginam Madaíl dizer que “o Futebol (português) está em estado de sítio”? Pois não: o futebol, em Portugal, está bem e recomenda-se, porque, afinal, é preciso sorrir. Tudo isto não passa de teatro. Com muita lata e um pouco de... fruta, perdão, luta!"

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