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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Hóquei em patins

"Numa semana crucial na Europa de futebol, escrevo sobre hóquei em patins, a pretexto do conhecido e pascal Torneio de Montreux (que o jornalista na TV pronunciava como montrô!).

Pertenço à geração que acarinhava o hóquei como razão do nosso orgulho desportivo, sobretudo em confronto com a odiada Espanha. Hoje, submergido pelo poder totalizante do futebol, o hóquei minguou no coração dos portugueses. Curiosamente, a isto não é indiferente a substituição do relato radiofónico pela transmissão televisiva. É que, no pequeno ecrã, não temos olhos para tanto movimento num tão estreito espaço e a bola não se vê a não ser em episódios encontros de quem descobre uma peça do meio de um puzzle de quinhentos bocados. Na rádio, nos tempos áureos do hóquei, era saboroso ver através dos ouvidos!

Mas também a invariável seriação das selecções em 3 níveis estanques (as favoritas, as 3 ou 4 do meio e as que fazem apenas turismo desportivo), a agora indesejada supremacia espanhola e as constantes mudanças de regras de jogo em nada têm ajudado a reabilitar esta belíssima modalidade. Por fim, a reprovação como modalidade olímpica nos Jogos de Barcelona veio esmorecer o futuro do hóquei.

Mas gostei da vitória portuguesa na cidade suíça. Através dela, recordei, gostosamente, Livramento, Adrião, Velasco, Bouços, Matos, Moreira, Edgar, Cruzeiro, Perdigão, Vaz Guedes e tantos outros, na minha infância e juventude. E os históricos confrontos com os espanhóis Zabalia, Orpinelli, Boronat e Puigbó, os italianos Panagini e Gelmini e até os suíços Monney. E sinto a falta de equipas adormecidas pela erosão do tempo, como o Campo de Ourique, Hóquei de Sintra, Paço de Arcos ou CUF."

Bagão Félix, in A Bola

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