Últimas indefectivações

sábado, 9 de abril de 2011

Roubar

"«As palavras não entram por acaso na linguagem das seitas» dizia, e bem, o escritor José Cardoso Pires. De maneira que, quando o mister que todas as semanas perde várias e excelentes oportunidades para ficar calado, diz que o seu sonho era «roubar o título ao campeão», o verbo «roubar» deve ser entendido no seu pleno significado: «Tirar o que está em casa alheia ou o que outrem leva consigo; tirar para si com violência; rapar; subtrair às escondidas; furtar; fanar; agadanhar». (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa(em linha)). Isto é: «roubar» é um termo que pode ser usado em sentido figurado, ou pode ser resgatado do fundo do subconsciente «de quem rouba», isto é, os ladrões, gatunos, roubadores, salteadores.

Sir Alex Fergunson, uma autoridade no mundo do Futebol, é da opinião que em Portugal há uma certa equipa que «compra títulos no supermercado». Ora, sendo tal comércio ilícito, pois que não há «títulos» de Futebol à venda nas grandes nem nas pequenas superfícies, com justiça se deve substituir o verbo «comprar» pelo termo «roubar». E assim roubam-se títulos, como quem rouba jogadores, resultados e pontuação. Não fossem os roubos que alimentam a mentira desportiva e outro campeão cantaria. A grande diferença é que esse outro não roubaria nada a ninguém.

O roubo do título aconteceu porque outros roubos anteriores o propiciaram. Roubos sucessivos ao campeão cessante, como roubos aos adversários do novo campeão, o que comprava títulos e agora os rouba. Teme-se mesmo que, por este caminho, o Futebol deixe de se jogar nos relvados, à vista de todos. Ganha o título quem mais roubar pelas esquinas, às escâncaras, porque a impunidade é a grande lei em vigor."


João Paulo Guerra, in O Benfica

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