Últimas indefectivações

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Futebolês, parte um

O defeso é um período onde se empata, até no tempo. Por isso, à míngua de jogos e verdadeiras notícias sobre futebol, esta semana vou concentrar-me no futebolês. Um quase dialecto - só ao alcance dos especialistas - que o futebol vem segregando através de uma deliciosa linguagem própria, mistura de tautologias, lugares-comuns, automatismos, paradoxos, metáforas, pleonasmos e hipérboles.

Hoje - e ao correr da pena (aliás, do teclado) - deixo aqui registadas algumas das mais badaladas frases que fazem o deleite deste linguajar:

-Quem não marca arrisca-se a perder; Foi uma boa jogada de trás para a frente; A equipa não pode ficar à espera do resultado; A bola circula bem, mas o campo está inclinado; O único pensamento que temos é ganhar; A equipa consegue sair a jogar; É sempre bom ganhar; Os jogadores sabem o que devem fazer dentro das quatro linhas; A equipa deixou a pele no campo e
comeu a relva; Jogou-se mais com o coração do que com a cabeça; Há muito jogo aéreo porque não há espaços; Começou a fase do chuveirinho; O árbitro é soberano; Mas a agressão... parece involuntária; Fez um belo túnel naquela diagonal; Um canto com conta, peso e medida; Foi a defesa da tarde (mesmo que à noite); De vez em quando, os extremos tocam-se; A equipa corre atrás do prejuízo; Meteu a cabeça onde os outros não metem o pé; Fez uma defesa do outro mundo; Enquanto for matematicamente possível, não desistiremos; Um falso lento; Um passe
milimétrico; O jogador não acreditou... e falhou; Tem de rodas para crescer; Lance de bola parada (estranho não é?); O jogador foi ao homem e não à bola...; ...Mas é bom de bola; Até arrumar as botas.

Amanhã falarei de alguns pleonasmos bem deliciosos."

Bagão Félix, in A Bola

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