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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Com Witsel muito muda...

"CHAMA-SE Witsel a mais importante aquisição do Benfica para esta temporada. Com imediatos reflexos no esquema táctico. Por causa deste jovem internacional A belga, ou graças a ele, acabou, ou pouco voltará a ver-se, o 4-1-3-2 enraizado por Jorge Jesus nos anteriores dois anos. Segue-se - já aí está - o 4-2-3-1, em que Witsel funciona como 2 em 1: é a primeira, e crucial!, muleta defensiva de Javi Garcia, e também possui capacidade para se assumir motor de arranque de boa parte das acções atacantes. Muito bom jogador e com substancial margem de positiva evolução: magnífica escola de clarividência táctica, alta qualidade técnica - a mais difícil e rara: sem grandes adornos, privilegiando eficácia na segurança de manter posse de bola e passá-la a preceito, amiúde inventando buracos nas linhas adversárias -, sólida estampa atlética, notória inteligência na versatilidade do seu futebol.

Não dá para enganar, Witsel enche o meio-campo. Javi Garcia muitíssimo agradece; já não necessitará de correr até à exaustão para segurar a linha média que, sem Witsel, amiúde foi débil no poder de choque. Imensamente grato também deverá ficar Pablo Aimar (já lá irei). E a gratidão acabará por estender-se ao quarteto atrás de Garcia-Witsel. Verdade que contra esta última ideia está o facto de o Benfica ter sofrido dois golos em Barcelos e, de enfiada, outros dois em Enschede...; mas, para fulminantes pontapés de longe, como aquele de Laionel, não há antídoto... - e o segundo golo holandês, para além de ter sido obtido em falta (de novo, pertinente pergunta: qual o raio de intervenção dos suplementares árbitros colocados atrás da baliza?), nada teve a ver com deficiente acção defensiva da linha média. Acontece que, na defesa, há, sim, rotinas a apurar (Garay e Emerson recém-chegados) e há, inevitável, enorme fadiga de Maxi Pereira.

Assumo erro: há semanas escrevi que Witsel e Aimar dificilmente caberiam no mesmo onze; afinal, parece que cabem, embora à custa de Saviola... ou de Cardozo... Jorge Jesus assim decidiu na segunda parte perante o Arsenal (sem Cardozo, dupla Aimar-Saviola na frente ofensiva). É aqui que também Pablo Aimar agradece a alteração táctica imposta pela aquisição do belga...; com Javi Garcia-Witsel no meio-campo, Pablo Aimar tem muito menos desgaste a defender e vê libertado o seu talento atacante a congeminar ofensivas e em mais próximo apoio ao ponta-de-lança.

No novo esquema, reforçando a linha média e tendo só um ponta-de-lança propriamente dito (quase de certeza, por regra Cardozo - Nélson Oliveira ou Rodrigo como alternativas na grande área? - o que põe Saviola em apuros...), o Benfica perde poder atacante? A ver vamos, mas não terá de ser assim. Certo: Aimar tem menor potencial de goleador, face a Saviola. Mas os jogos não se ganham só ao ataque... E a equipa deverá ficar mais sólida, com superior capacidade de rápida recuperação da posse da bola, o que pode/deve significar mais forte intensidade ofensiva. Sabe-se que Gaitán e o novato Nolito (veio do Barcelona B, mas parece mais próximo da antiga fúria espanhola...) são capazes de marcar não poucos golos... Se, um e outro, não caírem em deslumbramento... E essa também é referência existente em Enzo Perez, por ora em crise de adaptação... Estranho a dispensa à vista de Jara, pois já preencheu os quatro lugares da alargada frente atacante.


ARTUR promete ser o oposto de Roberto, o tal que substitui Quim porque o treinador queria um guarda-redes que desse pontos... Curiosíssimo: Roberto custou balúrdio; pela transferênica de Artur, nem um cêntimo o Braga recebeu... Claro que, como todos os guarda-redes, Artur acabará por dar o seu franguinho... (defesas, médios e avançados não escapam a grandes fífias...); mas ficará a léguas dos recordes de Roberto. No mínimo, garante isto aos colegas: acabou-se o tempo de tremerem de cada vez que a bola vai para a sua baliza."


Santos Neves, in A Bola

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