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sexta-feira, 28 de junho de 2013

À sombra da Torre de Hércules

"É Verão, embora não pareça. Tempo para falar dos famosos «Veraniegos», grandes torneios internacionais de Futebol disputados em Espanha. O Teresa Herrera, na Corunha, é o mais antigo (1946). O Benfica conta com uma vitória e com duas finais perdidas.

BEM sei, bem sei, não parece, mas o Verão está aí. E não há melhor altura do que o Verão para falarmos nos «Veraniegos». O nome não engana: tratam-se daqueles que foram, em tempos que já lá vão, os mais famosos torneios particulares de Futebol do Mundo, se deixarmos de parte uma ou outra honrosa excepção.
Disputados em Espanha, registam-se mais de duas dezenas, de importâncias distintas, desde grande torneios internacionais a outros mais regionais que contam, de quando em vez, com a presença de algum clube estrangeiro.
Falarei de alguns deles, até porque estão profundamente ligados à história do Benfica. Começando, como está bem de ver, pelos de maior estatuto. E começando, dentro dos de maior estatuto, pelo mais antigo, o Troféu Teresa Herrera, disputado desde 1946 na Corunha, Galiza, e cuja taça de vencedor, em ouro e prata, representa de forma impressionante a famosa Torre de Hércules.
O Benfica tem uma dessas taças no seu Museu prestes a ser inaugurado. Conquistou-a em 1987, derrotando o Deportivo da Corunha na final do torneio. Não foi essa, no entanto a sua primeira participação. Em 1962, disputava-se ainda o Teresa Herrera entre apenas duas equipas - foi a partir de 1967 que passaram a participar quatro equipas no sistema de meias-finais e final, embora com anos de regresso aos dois participantes - perde, por 2-4, com o Deportivo da Corunha na sua estreia. Os golos de Simões e José Augusto foram insuficientes para o acerto dos galegos. Depois do FC Porto, em 1948, e do Sporting, em 1961, o Benfica era a terceira equipa portuguesa a estar presente num «Veraniego» que contou, ao longo da sua existência com a presença ilustre do Botafogo de Garrincha, do Santos de Pelé, do Real Madrid de Di Stéfano, do Barcelona de Cruyff ou do Fluminense de Rivelino. Para não falar, claro está, do Benfica de Eusébio da Silva Ferreira.

A vitória de 1987!
PASSARAM-SE os anos. Em 1987, o Benfica regressa à Corunha. O torneio tem como outros participantes, o Deportivo da Corunha, como não poderia deixar de ser, o Sporting de Gijón e o Everton, de Inglaterra. Enquanto o Deportivo bate o Gijón no desempate de grandes penalidades (4-2) após um empate a um golo, o Benfica livra-se do Everton, também no recurso às grandes penalidades (5-3) após um empate a zero. Na Final, no Estádio Riazor, com o Corunha, mais um empate, 1-1, golo de Rui Águas (76 minutos) a responder ao golo de Aspiazu (27 minutos). Foi preciso voltar às grandes penalidades: Chiquinho Carlos E Veloso falharam as suas oportunidades, mas Rui Águas, Nunes, Bento e Edmundo resolveram a questão com um 4-3 final.
O Benfica levantava a taça e trazia-a para Lisboa. Era uma questão de prestígio registar o seu nome na lista dos vencedores daquele que é, muito provavelmente o torneio internacional mais antigo do Mundo. E, porque o nome do Benfica também é fundamental para qualquer torneio de grande dimensão, como teremos oportunidade de ver nos próximos artigos, eis que os 'encarnados' estão de novo na Corunha em 1990. Um torneio fortíssimo, com o Deportivo da Corunha a receber o Barcelona de Laudrup, Koeman, Begiristain e Goikoetxea, e o Benfica a defrontar o Bayern de Munique de Aughentaler, Effenberg, Strunz e Laudrup (o outro, o irmão Brian). O golo de Schwartz, logo aos nove minutos, lançou o Benfica para uma exibição de categoria e para a vitória indiscutível, embora houvesse indecisão sobre o resultado até à beira do fim. Rui Águas fez o 2-0, aos 84 minutos, e Mclnnaly reduziu pouco depois, aos 89 minutos, sem pôr em causa a presença benfiquista na Final onde viria a encontrar o Barcelona, vencedor do Deportivo da Corunha, por 2-0.
O mesmo resultado repetiram os catalães contra o Benfica. Neno, Ricardo Gomes, Veloso, Paneira, Paulo Sousa, Isaías ou Rui Águas nada puderam fazer contra os golos de Bigiristain (27 minutos) e Goikoetxea (68 minutos). Não voltariam os 'encarnados', ate hoje, a conquistar o Troféu Teresa Herrera. Mas voltaram a estar presentes, em 1995, juntamente com o Real Madrid, com o Flamengo, e o inevitável Deportivo da Corunha. Duas derrotas, a primeira frente ao Real Madrid de Raúl, Michel, Luis Enrique e Michael Laudrup (golos de Amavisca e Raúl, já na segunda parte) afastava o Benfica da Final. A segunda frente ao Flamengo de Edmundo, Sávio e Romário atirava o Benfica para o quarto lugar. Mas, fica o registo de 13 minutos iniciais impressionantes, com golos de Romário (aos 3'), de João Pinto (aos 12') e novamente de Romário (aos 13') e fixaram o resultado.
O Benfica despedia-se do Teresa Herrera com derrotas, mas com espectáculo."

Afonso de Melo, in O Benfica

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