Últimas indefectivações

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Desta água não beberei?

"Há meia dúzia de semanas, Leonardo Jardim considerava uma “hipocrisia” um dos três grandes queixar-se das arbitragens. No sábado passado, porém, lá apareceu a justificar a derrota com “dois erros do árbitro”. Será o Sporting que deixou de ser grande ou Jardim que decidiu ser hipócrita?
Devo dizer que sempre me indignaram mais os penáltis mal assinalados do que aqueles que o árbitro não marca, sobretudo quando as jogadas não têm perigo nenhum.
Mas, com erros ou não, o dérbi lisboeta foi um importante jogo de futebol, sobretudo por duas razões:
1 – Confirmou a ressurreição do Sporting, depois do coma da época passada. É hoje uma equipa alegre, intensa, objectiva, rapidíssima, funcionando sempre em colectivo, capaz de trocar a bola em pequenos espaços, onde cada jogador está a superar-se. Leonardo Jardim, com o apoio do presidente, tem feito um trabalho tremendo;
2 – Confirmou o crescendo do Benfica, depois de um desgraçado início de época. A equipa apática de há semanas parece transfigurada: corre, luta, voltou a produzir um futebol vistoso e espectacular, com todos os jogadores a subirem de produção.
Sendo um jogo com grandes jogadas e grandes golos, o dérbi acabou por ser decidido por um lance cómico, que no entanto pôs justiça no resultado, considerando que:
A – Numa altura crucial do jogo, o Benfica perdeu uma pedra que estava a ser preciosa (Rúben Amorim), caindo a pique e permitindo a reacção do Sporting;
B – O Benfica voltou a sofrer um golo depois do minuto 90, o que é sempre traumatizante, mas foi cruel depois do esforço enorme de Atenas e quando os jogadores já julgavam a eliminatória resolvida;
C – Mesmo assim, a equipa cerrou os dentes, fez das tripas coração, encostou o Sporting às cordas e teve ânimo para chegar à vitória.
Portanto: parabéns ao Benfica, parabéns ao Sporting e uma recomendação a Jardim: nunca volte a dizer “desta água não beberei”. Nenhum latino (mesmo ilhéu) pode afirmar que nunca se queixará do árbitro. Não temos a fleuma britânica, temos o sangue quente – e sobretudo, como aceitamos com dificuldade as derrotas, somos sempre tentados a justificá-las com erros alheios."

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