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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Está a ser difícil o adeus a Eusébio

"Eu sei que a vida continua e a actualidade pede que se virem, desde já, os holofotes para a Luz, palco do clássico entre Benfica e FC Porto no próximo domingo. Mas não me está a ser fácil deixar de falar de Eusébio da Silva Ferreira nem parar de reflectir sobre o seu legado.
A uma conclusão, nestes dias tão intensos emocionalmente, terei chegado: quem é celebrado pelos portugueses, que provoca consenso entre os que estão habitualmente desavindos e aproxima ricos e pobres, etnias e religiões, não é apenas o genial futebolista que encantou o Mundo. Se Eusébio tivesse somente como atributo uma extraordinária capacidade para o futebol não seria merecedor de um reconhecimento tão abrangente. Eusébio era mais do que isso, tinha a simplicidade daqueles que são verdadeiramente grandes.
Diz-se que o Estado Novo se aproveitou da imagem de Eusébio. É verdade. E o regime saído do 25 de Abril, também. Na medida em que a figura de Eusébio era indissociável da sociedade portuguesa. É curiosa a ideia feita de que a política nunca deve misturar-se com o desporto. E falaciosa. O desporto é o desporto, as causas é que diferem. Senão vejamos: acha-se mal que o ditador norte-coreano esteja a usar, neste momento, a figura de Dennis Rodman e vice-versa; mas toda a gente acha bem que Nelson Mandela tenha usado os Springboks como instrumento unificador da África do Sul na versão do País do Arco-Íris. Num caso e noutro é a política a utilizar o desporto como meio para atingir os seus fins. O que torna um dos casos odioso e o outro louvável é a natureza da causa, porque num e noutro as águas de política e desporto misturam-se
PS - Obviamente, silêncio durante o minuto de silêncio..."

José Manuel Delgado, in A Bola 

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