Últimas indefectivações

terça-feira, 22 de abril de 2014

O meu campeonato

"No Domingo, na ressaca de horas de tensão emocional, telefonaram-me da TSF para reagir ao regresso do Campeão. Não tenho bem presente a pergunta do Mário Fernando, mas terá sido qualquer coisa como: 'O que é que destacas no título do Benfica?'
Se não sei bem o que me foi perguntado, sei o que respondi: 'Foi o primeiro campeonato que celebrei no estádio com o meu filho'. Quando chamado a fazer uma análise ponderada sobre o percurso atribulado que trouxe o Benfica de novo às vitórias, o que me veio à cabeça foi, de forma imparável, a minha relação com o futebol.
Podemos bem enredar-nos em análises do sistema de jogo, olhar para as estatísticas, avaliar se é mais eficaz jogar em 4x4x2 ou 4x3x2x1; no fim, quando o tema é futebol, somos remetidos para um território de suspensão da razão. Fechados num estádio para ver um jogo e, depois, para contemplar a felicidade infantil dos jogadores que correm sem sentido em volta do relvado, num momento de partilha com todos os sofredores de bancada, estamos numa espécie de reserva emocional, ausente no resto da vida.
Há muito que sei quão fascinante é poder participar daquela alegria. Julgo que o intuí primeiro quando, ainda bem miúdo, via, desde a janela, as filas de caros estacionados à porta de casa, com adeptos que se dirigiam para a Luz. Não sei se por ter sido vizinho do estádio, mas quando comecei a assistir aos jogos desde a bancada tive a confirmação do prazer que se encontra nas vitórias do nosso clube. Mas, devo dizer-vos, uma coisa é sermos nós a ver a partida; outra, bem distinta, é olhá-la desde os olhos dos nossos filhos e, naquele momento de exaltação absoluta - a celebração do golo, os cânticos da glória do título -, podermos abraçar-nos e sentimos neles a alegria que é também a nossa.
Este campeonato é do nosso capitão, o Luisão; do presidente; do Jesus; do Enzo - que põe a equipa toda a pensar futebol. É também de todos os adeptos que sofreram em Maio. Mas, para mim, este é o campeonato em que celebrei os golos do Lima abraçado ao Vicente, depois de ter ganho por 10 a zero ao Sporting numa peladinha imaginada pela Leonor, que fazia de Cardozo."

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