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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sempre Eusébio

"Podemos interrogar-nos sobre o que será uma instituição cultural.
Muitas teses existem sobre esta matéria e continuarão a existir, por uma simples razão, porque cada ser humano é diferente do outro ser humano. Possui uma individualidade indelével.
David Hume opôs-se ao célebre Descartes. Aquele defendia a aplicação do método experimental aos fenómenos mentais, enquanto que este último, defendia a célebre tese do 'Penso, logo existi!'.
A primeira teoria, aplicação do método experimental aos fenómenos mentais, não é mais do que a máquina de eléctrodos que hoje observa de forma fantástica o cérebro. Afinal, a imagiologia do cérebro.
É curioso que um dos grandes defensores da inteligência emocional fosse um português radicado nos Estados Unidos, António Damásio, o qual revolucionou o uso das máquinas para o estudo do cérebro humano.
A eternidade cerebral existirá, ou morre quando o corpo deixa de funcionar?
O que é afinal a eternidade?
Numa palavra, diria que é Eusébio.
Como Cosme Damião, também Eusébio perdurará, entre os vivos e nos cérebros dos que morreram, porque simplesmente se tornou uma imagem viva em cada um de nós.
E como na Natureza, nada se perde, nada se cria, mas tudo se transforma, é fácil de perceber que Eusébio andará em cada 'beca' de oxigénio que inspiramos, em cada objecto que tocarmos e mesmo, como motivação de alguns comportamentos que tomemos.
Aos vivos, caberá acentuar essa importância, reforçando a possibilidade de perdurar com mais e mais força na morte.
O Futebol é uma arte! Como a pintura, a escultura, a engenharia, o canto, a música, sei lá, uma infinidade de coisas. Até ser adepto do Benfica requer uma arte muito especial.
Escrevi no meu artigo de há 1 ano que:
Desde lições de humildade, genialidade, grandeza, traços esculturais e divinos, tudo se transformou numa simbiose entre ti e o Benfica e o Benfica e tu. Portugal e tu e tu e Portugal. O Mundo e tu e tu e o Mundo!
Como se diz hoje na juventude perdida, 'estavas muito à frente' naquela época!
Consciência de te ver jogar nos primeiros anos da minha existência que distam de 1963, não tenho! Mas a palavra, os gestos, a mística passada pelo meu Pai e pela minha Mãe, foi mais que suficiente para apreender a diferença entre a realidade vivida e o sonho!
Algures no tempo, recordo em consciência de te ver jogar a primeira vez. Para mim, já eras um mito vivo!
Ora, a utilização de mito e vivo, são dois vocábulos antagónicos, mas apenas o são aparentemente.
E é esta imortalidade que aparenta ser uma vivência imortal, que te caracteriza e caracterizará para todo o sempre.
Faz realmente falta a tua presença física junto de determinados eventos.
Se na altura em que jogaste existisse a ciência da imagiologia, certamente que a mesma permitira concluir pela perfeição psicomotora, que possibilitava a perfeição dos gestos que preenchiam as fotografias dos jornais.
Tecnicamente perfeito, já se dizia na altura. Mas para se ser tecnicamente perfeito, tem obrigatoriamente de se ser nessa área, cerebralmente perfeito.
Cérebro sem corpo não é nada e corpo sem cérebro nada é.
E cérebro não é sinal de cultura, nem o contrário!
O mais extraordinário é que provindo de uma zona pobre, muito pobre, podem-se criar seres perfeitos através de conjugação de sabe lá o quê!
Escrevi há 1 ano que:
Os miúdos da Rua, da minha Rua, gritavam pelo teu nome e jogavam à bola num 'campo' inclinado, tentando imitar-se nos teus remates! Mas a debalde o faziam porque Eusébio só havia um! Eras tu!
As tardes de domingo no Estádio da Luz eram a minha casa e em 1976, ingressei nos Iniciados do Benfica, vindo dos Infantis do Mister Biri, porque tinha interiorizado um Clube que hoje ainda amo e tu tinhas criado a vontade de jogar Futebol aos Portugueses.
É do que hoje tenho mais saudades, de voltar a poder sentir-me feliz, jogando na minha Rua, num campo inclinado, mas sempre esperançado que no imaginário motivacional estaria e estava, uma genialidade como tu.
O Benfica cumpriu todos os teus desejos quanto à forma como querias que o teu funeral fosse feito. Fez tudo, como pediste. Nisso Luís Filipe Vieira é e foi um 'gentlemen'.
Mas também milhares de adeptos prestaram-te uma homenagem fantástica. Linda e bonita.
Escrevi há 1 anos que:
Ficam duas emoções muito diferentes! Ao ver a homenagem que te fizeram no Estádio da Luz, percebi que existirás sempre em nós! E que o Benfica é uma instituição que trata bem os seus! E que organização fabulosa que em tão pouco tempo se construiu para te homenagear!
As pessoas que espectacularmente trabalharam nessa organização merecerão o teu carinho para o resto da vida. Porque para todos nós, tu sempre existirás!
A outra emoção, é aquela que sentimos quando estamos mais sozinhos e realistas! Não te vou poder ver mais! E cada vez que olhava para ti, só via juventude, genialidade e Benfica!
Guardo religiosamente uma fotografia tua, com a minha mãe e o meu pai, também ambos já partidos deste Mundo!
E guardarei para todo o sempre o que me ensinaste a sentir na vida.
O Benfica viveu em ti, renasceu em ti e renasceu das cinzas tornando-se novamente no que sempre foi!
Uma religião!"

Pragal Colaço, in O Benfica

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