Últimas indefectivações

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Panenkas e formação

"Caro Raphael Guzzo, até hoje nunca usei esta minha coluna para me dirigir a alguém sob a forma de carta mas, porque há sempre uma situação em que vale a pena quebrar as regras, cabe-lhe a si ser o destinatário. 
Antes de mais quero dizer-lhe, admitindo a minha fraqueza, que me apeteceu insultá-lo pelo penalty falhado no jogo com o Brasil. Claro que apeteceu, é futebol, é ganhar, é perder. É emoção pura, e perder é sempre pior do que ganhar.
Limitei-me a um desabafo na hora, mas, acredite, não é nada contra si. Só não falham grandes penalidades os medíocres: os que não têm talento para jogar futebol; os que, tendo, não têm coragem de se chegar à frente.
E foi por isso que, no dia seguinte, voltei a ter vontade de insultá-lo, quando li no Facebook a sua emocionada mensagem. Diz o Raphael que deixou ficar mal os colegas, os amigos e a família? Desculpe o paternalismo, mas... enlouqueceu? Quem deixa ficar mal o País não são os futebolistas que falham pontapés, antes os que roubam e corrompem, os que por omissão permitem o perpetuar dos erros. Não volte sequer a pensar «não vou dizer que não têm razão» os que o insultaram com mensagens de ódio! Claro que não têm! Só gente irracional pode insultar quem falha um pontapé! Não se encolha, não carregue a culpa que não é sua. Sim, podia ter chutado ao ângulo, mas fez aquilo em que acreditava. Correu mal, é verdade, mas, convenhamos, por alguma razão aos 20 anos ainda joga nas selecções de formação.
Acredito, então, que tenha aprendido que o penalty à Panenka só era bom quando ninguém o marcava e que agora que está banalizado deixou de resultar. Ainda vamos rir juntos quando marcar o penalty que dará a Portugal o título Mundial em 2018!"

Nuno Perestrelo, in A Bola

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