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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Gonçalo Guedes

"Os jovens olharão para Gonçalo Guedes com a certeza, agora, de que a pena o esforço, a entrega, a dedicação.

1. O dia de ontem fica para a história pessoal de um bem jovem futebolista que cresceu no Benfica. E merece bem o título deste artigo. Das escolinhas ao primeiro golo num jogo oficial da principal competição do futebol português vão poucos anos, muito trabalho, indiscutível ambição, imensa dedicação. Gonçalo Guedes mereceu aquele golo frente ao Paços de Ferreira e Rui Vitória foi um verdadeiro Professor ao motivar aquele aplauso imenso - de mais de quarenta e cinco mil fiéis adeptos do Benfica - aos setenta e oito minutos de jogo. A substituição foi um instante de reconhecimento. E de múltipla e colectiva motivação. A vitória do Benfica era bem necessária e foi totalmente merecida. E mostrou que a combinação entre ambição e experiência é uma estratégica correta. Jonas é fatal. Singular e artisticamente fatal. Como aquele primeiro golo claramente mostrou. Mas Gonçalo Guedes e Nelson Semedo evidenciam talento e vontade de vencer. Com serenidade crescerão. Sabendo que têm aproveitado o tempo que lhes tem sido, e bem, concedido. Para comum contentamento. E com o nosso entusiasmo. Tendo todos consciência das dificuldades que surgirão. Sabendo com André Gide que «a experiência ensina mais seguramente do que o conselho». Sendo que este é útil e deve ser bem recebido. Como se percebe do comportamento e das exibições de Gonçalo Guedes. Como ressalta da sua auto-estima e da sua generosidade genuína que brota das suas raízes e também das escolinhas do Benfica. E os jovens, muitos a partir do Seixal e da sua academia, olharão para ele com a certeza, agora, de que vale a pena o esforço, a entrega, a dedicação. E também a paixão ao clube do seu coração!
2. Na sexta feira passada no arranque de mais uma jornada de quatro dias - de sexta a segunda! - da nossa Liga o Futebol Clube do Porto perdeu mais dois pontos ao empatar em Moreira de Cónegos. Acredito que nenhum adepto do Porto acreditaria que não ganharia este jogo antecipado da Liga. Acredito que quando o Porto voltou a liderar o jogo a escassos minutos do apito final poucos apostavam - mesmo no novo e atrativo jogo de apostas Placard! - que a equipa de Lopetegui não conquistaria os três pontos. Mas o sortilégio do futebol é isto. Ao alento de alma pós Benfica seguem-se fantasmas da época passada em muitos da tribo portista. O interessante é que Futebol Clube do Porto e Chelsea fizeram o mesmo resultado. Empataram fora de casa a duas bolas. E agora encontram-se, no Dragão, na próxima terça feira. E cada um precisa de ganhar. Quer Lopetegui, quer Mourinho. É a paixão do futebol. E dos seus actores. Com as suas circunstâncias. Sempre!
3. Hoje em Guimarães há um confronto duplamente especial. O duelo do Minho. Com a rivalidade entre Vitória e Braga a crescer de ano para ano. Com adeptos cada vez mais fiéis. Fortemente fiéis. E hoje temos o regresso ao cheiro da relva de Sérgio Conceição. Esteve umas semanas, e com muito interesse, a comentar as incidências dos jogos da Liga dos Campeões na RTP. Hoje regressa com um picante acrescido. Defronta a sua anterior equipa após um despedimento doloroso. Para além da rivalidade do Minho fica o regresso cirúrgico de um treinador com uma forte personalidade num jogo contra o Braga que liderou na época passada e que levou à fase de grupos da Liga Europa. É a paixão do futebol em duplicado. Com um jogo que será, de verdade, de duplo risco. E para as autoridades de «alto risco»!
4. Hoje, na Catalunha, realizam-se umas importantes eleições. Também de alto risco. Para a Espanha e para a Europa. Está em causa, de verdade, o possível arranque de um complexo processo de grande autonomia da região que assume características de verdadeira «independência face a Espanha». A campanha eleitoral foi intensa e envolveu, entre outras, uma questão directamente relacionada com o desporto e, em particular, com o futebol: se - e repito se... - houvesse uma independência seria possível o Barcelona jogar na Liga espanhola? A resposta para muitos é um claro não. Seria necessária criar uma nova liga na nova nação! Importa acompanhar os dias seguintes ao processo eleitoral de hoje. O Benfica vai sentir o ambiente em Madrid a partir da próxima terça feira quando chegar à capital espanhola para o jogo da segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões frente ao Atlético de Madrid. Clube fundado em 1903 mas que aproveitou, em certo momento, de uma ligação estreita com a Aviação espanhola denominando-se então Athletic Aviación Club e que, em 1947, com a liderança em Espanha do ditador Francisco Franco, passou a ser designado como Club Atlético de Madrid. Mas na Catalunha o Barcelona tornou-se, nesse tempo bem difícil, o maior símbolo do anti franquismo. O escudo do clube tem as cores da Catalunha e por isso se diz que o «Barcelona é mais do que um clube». É um símbolo de uma comunidade. E basta recordarmos que o seu estádio é o Camp Nou, novo campo, ou seja, um espaço colectivo que identifica «o colectivismo nacional catalão». E há um livro de Jimmy Burns Maranón que merece ser lido, ou relido, nestas semanas já que ajudará a perceber parte dos resultados das eleições de hoje: Barça: a paixão de um povo!"

Fernando Seara, in A Bola

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