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quinta-feira, 30 de junho de 2016

As surpresas do Campeonato da Europa

"Inevitavelmente, as grandes surpresas, até agora, deste Europeu são as eliminações de Inglaterra e da campeã Espanha, pela Islândia e pela Itália, respectivamente.
A terceira surpresa talvez seja a referência de Lopetegui para suceder a Vicente Del Bosque, como seleccionador espanhol.
Parece que Angel Villar, Presidente da Federação Espanhola, tem Lopetegui em muito boa conta - como todos os benfiquistas, não me esqueço das alegrias que me (nos) deu - pela sua experiência nas selecções, onde, inclusivamente, conquistou o Europeu de sub-21, em 2013.
Mas, relativamente à eliminação, a surpresa não foi tão grande, ainda, que esteja em causa a campeã em título, uma vez que, para além de ter sido uma (possível) final antecipada, a Itália tem uma boa equipa e tem jogado muito bem (embora sem nomes sonantes).
Surpresa foi o resultado do Inglaterra-Islândia.
Não obstante a Inglaterra jogar pouco, a verdade é que tem bons jogadores.
Mas a Islândia surpreendeu (apesar de eu já ter dito que seria uma das grandes surpresas deste europeu). 
Não tendo jogadores de renome, nem vedetas, são eficazes, jogam bem e são extremamente competentes. 
O que prova que também os países (neste caso, as selecções) não se medem aos palmos (a julgar pelos cerca de 330.000 habitantes do país).
Seguem-se, agora, os quartos de final, com um (grande) Itália-Alemanha, um (curioso) França-Islândia, um (confiante) Polónia-Portugal e um (imprevisível) Bélgica-País de Gales.
Se Portugal passar, e, a continuarmos a ter a sorte dos resultados (alheios, inclusive), que venha... o País de Gales (vencedor de uma Bélgica mais do que favorita).

As alterações de Fernando Santos na equipa 
Segue-se, hoje, a Polónia. Que Marselha seja o talismã, ao contrário do que aconteceu em 1984, frente à França.
No meia da habitual intensidade de uma competição deste género, Fernando Santos tem conseguido recuperar bem a equipa.
Não deixa de ser curioso que, até aqui, quase nunca retirou nenhum jogador do onze inicial por opção técnica (sendo Ricardo Carvalho e Vieirinha as excepções).
Teve sempre uma «lesão» ou «condicionamentos físicos», para que os jogadores a sair, durante a semana, tenham razões para não serem efectivos no próximo jogo.
Está a ser inteligente nessa gestão, apesar de tais opções o conduzirem para o que tenho vindo a referir: a equipa que vai acabar o Campeonato da Europa será muito diferente daquela que começou. E Fernando Santos percebeu isso.
Ele, que vai confirmando o princípio defendido por Napoleão Bonaparte, ao afirmar que não precisava de «generais que fossem bons militares», mas de «generais que tivessem muita sorte».
Et voilá!
Porque de falta de sorte é que Portugal não se pode queixar.
A mesma que permitiu que o golo da Islândia, no último minuto do jogo com a Áustria nos tivesse atirado para o terceiro lugar do grupo, que significou ficar no lado certo do quadro deste Euro... até à final... em Marselha!

Clubite na Seleção???
Muito se tem falado das escolhas da equipa titular, havendo quem entenda que o que está em discussão não é tanto a qualidade e o valor dos nossos jogadores, mas a forma clubitizada como os adeptos estão a ver essas opções.
É natural que exista uma certa clubite.
No entanto, não obstante a existência de preferência sobre certos jogadores das nossas equipas, terá de haver uma análise lúcida e objectiva sobre as possibilidades existentes.
Porque, clubite não pode ser confundida com visão.
Ora, um dos casos que mais discussão gera é o de Renato Sanches. Serei, certamente, suspeito, mas a verdade é que Renato Sanches tem todas as condições e características para ser titular, pela dinâmica e pela intensidade - já para não falar na alegria e na vivacidade - que impõe ao jogo.
É só uma questão de ter coragem para... reconhecer que tem de jogar de início.
E não se trata de clubite minha.
Aliás, ao que vejo por aí, clubite foi felicitar, em determinadas páginas da internet, a passagem da selecção aos quartos de final com uma fotografia de alguns dos titulares frente à Croácia... vestidos com o equipamento do Sporting, o respectivo clube - ao contrário do que aconteceu com Benfica, Braga e Porto, que publicaram uma fotografia da selecção... de todos nós.
Ainda assim, e para contrariar essas picardias mesquinhas, sublinhe-se o exemplo de Renato Sanches e de Adrien, que se abraçaram, numa imagem extraordinária (após o golo de Portugal), o que evidencia o grande ambiente que se vive na Selecção.

O Portugal «nojento» visto pelos franceses
O jornal francês 20 minutes escreveu que «este Portugal é nojento, mas está nos quartos de final». Em causa os três empates e a única vitória, no prolongamento, em consequência do também único remate à baliza.
Algo inadmissível para o jornal, já que não se tratava de uma qualquer equipa da terceira divisão francesa. 
Para o 20 minutes, Portugal não mostrou «grande coisa», nem brilhou, nem tão pouco teve garra, provando ser «possível chegar aos quartos de final ao jogar de forma bem nojenta».
Depois disso, contudo, o jornal efectuou um pedido de desculpas, explicando que não tinha sido intenção de «julgar um país ou uma cultura», apenas a equipa, que teve um jogo «redutor e chato» (passando a incluir a selecção portuguesa no lote das candidatas à conquista do Europeu).
De facto, as características apresentadas pela selecção Nacional, no jogo que fez frente à Croácia, quer pelo seu rigor táctico, quer pelo seu posicionamento, sobretudo defensivo, implicam um determinado tipo de jogo, em que dificilmente alguém marcará a Portugal, o que é diferente de dizer que «dificilmente alguém ganhará a Portugal».
Uma coisa é ter fé, outra coisa é achar que alguma equipa muito forte não nos poderá ganhar. Portugal, contra a Croácia, foi pragmático, com um futebol defensivo, pelo que não será difícil aceitar que, para sermos campeões europeus, teremos de fazer mais.
Porque, se analisarmos as estatísticas desse jogo - posse de bola, remates enquadrados, passes, cantos, oportunidades de golo, duelos ganhos, eficácia, etc. - só poderá concluir que será difícil ganharmos a jogar dessa maneira frente a equipas mais fortes.
Por isso, só espero que, quando efectivamente precisar, Portugal melhore a sua atitude.
Ou seja, o melhor Portugal será aquele que, precisando de ganhar, vai ganhar.
E ainda vamos (muito) a tempo...

P.S. começa a época 2016/17
Começa, amanhã, oficialmente, a época 2016/17. O meu desejo, para mais uma temporada, é que tudo termine como no ano passado.
Que os outros, quaisquer que eles sejam, continuem a ser a melhor equipa, com as melhores exibições e com novo recorde de pontos, a lutar pelo título até ao fim... e que o Benfica seja campeão.
Tetra Campeão!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

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