Últimas indefectivações

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Mundo cão

"É sabido que o futebol dos dias de hoje está contaminado pelo imediatismo mercantilista mais agressivo, que torna valores como o amor pela camisola, a lealdade, a gratidão, a dedicação e outros completamente obsoletos. É assim por todo o lado, mas não tem necessariamente de ser sempre assim.
Quando passei pelo dirigismo no Sporting, tive a ideia de organizar, à semelhança do que acontece noutros clubes, um conselho de capitães, onde teriam assento os antigos jogadores que tivessem capitaneado a equipa principal de futebol profissional em mais de cinquenta jogos e que seriam os guardiões da mística verde. Pedi a inestimável ajuda do meu amigo Mário Casquilho para fazer o levantamento e constatámos, desolados, que esse desiderato era inviável, porque a maioria dos elegíveis estava zangada com o clube, alguns por razões bem fúteis.
Vêm estas reflexões amargas a propósito de dois casos, ambos passados no Sporting
 O primeiro é o jovem Seejou King, dinamarquês de ascendência gambiana que fracturou o tornozelo, num jogo da equipa B contra o Gil Vicente, jogo esse que acabou por ser o seu último pelo Sporting, que agora o dispensou. Poderão existir mil razões de natureza técnica e até financeira que aconselhassem a dispensa do King, mas limito-me a perguntar, face ao infortúnio que lhe bateu à porta: tinha de ser assim?
Os media têm feito eco do propósito de o Sporting negociar o Paulo Oliveira para outro clube. Apreciei o esforço que Jorge Jesus fez para dar à defesa do Sporting peso e altura, aposta ganha porque, desde então, o clube passou a sofrer menos golos e os factos falam por si. Por essa razão, o Paulo Oliveira perdeu efectividade. Paulo Oliveira é português e, face à veterania de todos os centrais da nossa Selecção, será com toda a verosimilhança, porventura com o Tobias, o titular indiscutível do lugar. Paulo Oliveira terá perdido efectividade, mas não perdeu valor, nem a dignidade com que sempre representou o Sporting. Pergunto: vamos abrir mão de um jogador como este?
Acho que o Sporting, por ser quem é e como é, deve ponderar se esta lógica predominante deve ou não ser a sua, ou se quer fazer diferente. E nessa ponderação deve-se incluir a questão da cedência dos atletas para a selecção olímpica, não sendo necessário lembrar que o Sporting é o clube português com mais atletas e mais medalhas olímpicas e que o olimpismo sempre fez parte integrante dos valores que defende. 
Como em tudo, não bastam as palavras..."

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