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sábado, 10 de dezembro de 2016

Vem ai o big bang da galáxia da bola

"A Liga Europeia de uma elite de convidados representará a capitulação total do futebol a uma sociedade de tendência neonazi

Garantem-me que a Liga Europeia está pronto a avançar e que a situação é já irreversível. Dizem-me que a UEFA outra coisa não podia fazer do que capitular perante a poderosa pretensão dos grandes e dos ricos do futebol europeu. Apenas se discute, agora, a data em que começará o apocalipse do futebol-desporto, o Big Bang da galáxia da bola.
A ideia é óbvia para a sociedade do hipercapitalismo que actualmente se vive e que distancia o homem de si próprio e do seu anterior conceito de comunidade. Pretende-se fazer um campeonato de futebol com os maiores e os mais ricos, capaz de rebentar com todas as escalas de valores até agora encontradas para proteger a participação de um grupo de clubes privilegiados e que apenas participarão por convite dos organizadores.
A previsão aponta para que Portugal possa, eventualmente - ainda não existe essa certeza - ter um único representante, sendo que a escolha deverá recair no Benfica, independentemente da sua futura qualificação desportiva.
Atende-se o cenário de um campeonato europeu, com jogos a duas mãos e por classificação, apenas com participações por convite. De Espanha, o Real Madrid e o Barcelona; da Alemanha, o Bayern Munique e o Dortmund; de Inglaterra, o Manchester United, o Arsenal e o City; da Itália, a Juventus e o Milan; de França, o Paris Saint-Germain; de Portugal, o Benfica. A Rússia teria também um ou dois representantes, provavelmente o Zenit e uma equipa de Moscovo, por força das audiências russas e pouco mais haveria de caber nesse campeonato da elite europeia.
O que ninguém saberá avaliar é o impacto, em cada um dos países europeus, que tal competição irá ter no universo do futebol.
Vejamos o caso português. O Benfica jogaria a liga de elite europeia e teria acesso a receitas largamente superiores ao conjunto de todos os clubes portugueses, incluindo o FC Porto e o Sporting Tornar-se-ia, rapidamente, um clube desportivamente inatingível em Portugal, mas também poderia suceder-lhe ficar na metade inferior da classificação dessa luxuosa Liga Europeia. Para o comum adepto benfiquista isso seria mais interessante do que o título nacional? E seria mais entusiasmante o Benfica - Paris Saint-Germain ou o Benfica - Sporting? Será mais apaixonante o Benfica - FC Porto ou o Benfica - Juventus?
Podem, sempre, dizer-me que ao fim de uns anos de competição de elite, já nem fará sentido avaliar a questão deste forma e com este conceito. Vamos admitir que sim, mas como reagirá o povo do futebol à realidade da Liga nacional? Ou seja: estará mais interessando no Benfica - Zenit ou no FC Porto - Sporting? E será que o Benfica - Zenit acabará por preencher os requisitos de produtividade económica que impera na lógica da competição europeia?
Outra reflexão: e se Portugal, como muitos outros países europeus, ficar de fora de qualquer escolha e se os seus principais clubes perderem para sempre o importante financiamento que lhe chega da participação na Champions? Pode o futebol português ser o que ainda é, ou teremos de nos contentar com um futebolzinho do submundo europeu?
Deixo aqui, como se torna evidente, mais interrogações do que afirmações. Pessoalmente, sou e serei contra esta liga de elite europeia. Acho, mesmo, que se trata de um atentado à razão desportiva, à dimensão social e cultural do espectáculo do futebol e, pior do que isso, uma total capitulação do futebol à efémera natureza de uma cultura perigosa que se quer impor no mundo e que prescinde do humano. É assustador ver como chegámos tão próximos da teoria hitletiana da superioridade da raça!

Ganha o pior? Então empatem!
uma improvável e só raras vezes justificada premonição dos derbies, que fala no favoritismo dos que chegam ao grande jogo em pior condição. É verdade que já aconteceu, mas não é verdade que seja, sequer, uma tendência. De qualquer forma, se fosse verdade que o pior estava mais próximo de vencer o jogo, estávamos perante uma previsão clara de empate. O Benfica ficou na Champions, mas vem de duas derrotas animicamente enfraquecedoras de qualquer autoestima; o Sporting perdeu com quem não devia e nem na Liga Europa ficou.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola

PS: Já aqui defendi uma futura Liga Europeia, estilo Americano. E não mudei de opinião. Em determinados moldes, faz todo o sentido, os calendários competitivos europeus, evoluírem... e para o Benfica, tanto financeiramente como desportivamente será positivo.
Continuo a verificar que as criticas feitas a essa Liga, não passam de facto, de um excelente diagnóstico dos actuais problemas do futebol Europeu!!!!
A grande dúvida, é mesmo qual a dimensão dessa Liga, quantos Clubes vão lá estar: 20?! 30?! 40?! 50?!...
Do ponto de vista financeiro, deixar de fora clubes como o Ajax, o Anderlecht, o Olympiakos, o Galatasaray, o Celtic...  o Benfica, não faz qualquer sentido!!! Mesmo sendo clubes de mercados relativamente 'pequenos' são clubes que tem receitas, adeptos, audiências enormes, estarão sempre dentro da solução...
E no ponto de vista desportivo, será mais fácil numa Liga Europeia com regras similares para todos, com acesso às receitas globais, para um Benfica se sagrar Campeão Europeu, do que no actual modelo da Champions!!!
E já agora, recordam-se do ambiente do Benfica-Bayern do ano passado... Preferem jogos como o último Marítimo-Benfica?! Tem mais lógica o Benfica disputar títulos com o Feirense, o Chaves, o Arouca... ou com o Zenit, o Man United, etc...?!!!

1 comentário:

  1. Meu Caro Companheiro Abidos,

    Antes de mais e como (quase) sempre faço quando comento n'OINDEFECTIVEL, Muito Obrigado pelo teu inestimável contributo para o Nosso Clube, que concretizas neste formidável blogue.

    Esta cáfila de FDGP de que o serpa dos croquetes faz parte, não cessa de me surpreender: tal como andaram décadas sem nenhuma preocupação com o "domínio andrupto" e, agora, chiam contra a Nossa hegemonia, também estão a acordar para esta realidade há muito previsível e prevista (a do Campeonato Europeu de Clubes, em formato "liga", todos contra todos e a duas voltas) e, tal como bem o disseste, usando como argumentos contrários os piores sintomas da atual situação, da qual são co-responsáveis, quanto mais não fosse, por vergonhosa omissão.

    Como tu sabes, eu defendo este projeto há muitos anos. Não só o defendo, como o tenho, humildemente, advogado, escrevendo para vários clubes com sugestões neste sentido.
    Mais ainda, meu Caro: foi por "isto" que eu me bati quando me juntei aos que começaram a preparar a candidatura do Manuel Vilarinho: eu sabia que tínhamos de recuperar o Clube, a tempo de impedir que fossem os andruptos a participarem neste futuro campeonato continental.

    A cáfila de jornaleiros, cúmentadeiras e "especialistas" que vive (ou vegeta?) da decomposição (ou putrefação) do fenómeno desportivo português e que há décadas que contribui para sucessivos ataques à Verdade Desportiva, garantindo a "competitividade interna" sem a qual não vendem nem têm audiências, já perceberam que a "mama" mais apetecível - o Glorioso, está de partida e vai deixar de constituir o seu "filão" nas vitórias e, ainda mais, quando não vence.

    Chamo a tua atenção, Companheiro, para um outro aspeto deste projeto que tu nem afloraste e que tem a ver com a cobertura de TV deste futuro campeonato: é que eu também tenho defendido e advogado que os Clubes, os maiores e principais Clubes, sobretudo os que praticam o ecletismo, deveriam formar uma rede própria com as suas TVs cativas, por forma a terem uma intervenção direta na cobertura de todo o fenómeno desportivo (não só o futebol) à escala continental.

    Viva o Benfica!
    (José Albuquerque)

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