Últimas indefectivações

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Francisco e os Merengues do Guadalquivir

"Francisco Palmeiro marcou, pelo Benfica, dois golos irrepetívies: o primeiro de um jogador encarnado no Estádio da Luz e o primeiro na Taça dos Campeões Europeus. Ficou para sempre ligado à história.

Arronches: fica no distrito de Portalegre, no Alentejo. Foi lá que nasceu Francisco Palmeiro.
Quando Nelson Rodrigues soube da morte de Guimarães Rosa, perguntou ingenuamente: «Morreu como, se estava vivo?»
Palmeiro morreu. Ou seja, morreu no espaço físico da nossa existência. Só isso. Continua vivo na história gigantesca do Benfica e tem um lugar permanente na memória pintada de vermelho.
Francisco Palmeiro marcava golos: partia do lado direito e arrancava como em fúria na direcção do espaço por onde disparar o seu tiro potente e certeiro. Diziam os jornalistas da altura que era dono de «um estilo inconfundível».
Houve um golo, no entanto. Aquele golo especial e irrepetível. Já foi depois de célebre hat-trick à Espanha, em Junho de 1956 - aí tornou-se no segundo jogador da selecção nacional a fazer três golos num encontro, seguindo o exemplo de Waldemar Mota, à Itália, em 1928. Também então a história se atravessou na vida de Francisco.
Mas voltemos ao tal golo. Esse que não tem rival. Era Sevilha e era Setembro. Pela primeira vez o Benfica participava na Taça dos Campeões Europeus. Seria a sua prova. Dela partiu para o mundo. Bastos, o guarda-redes, exibiu-se a grande altura. Os adeptos do Sevilha soltavam «ohs!» de exclamação. E gritavam: «Que barbaridad!» Era mesmo.
Mas, além de Bastos, havia Palmeiro. Uns dias antes, o Benfica vencera o Barcelona, num amigável no Restelo. Por isso, na Andaluzia esperava-se muito do campeão português: Mas a exibição foi pálida, desgarrada: «O Barcelona fora vencido pelo Benfica porque os encarnados jogaram em velocidade. Ao que se depreende, os andaluzes aprenderam bem, excelentemente, a lição que o seu treinador veio aprender ao Restelo, quando do desafio dos campeões nacionais com os catalães. Tudo perfeitamente natural! A velocidade, quer da corrida quer de entrega da bola, está cada vez mais arreigada nas grandes equipas de qualquer nacionalidade. Rapidez é palavra de ordem. Velocidade é o padrão por onde se aferem os melhores teams de futebol. Não nos parece que ontem, em Sevilha, o Benfica estivesse em condições de resistir à acção fulgurante, extraordinária dos 'Merengues do Guadalquivir'».
Uma derrota para o futuro.
Seria o primeiro jogo e a primeira derrota do Benfica na prova. O 3-1 para o Sevilha deixava a segunda mão, em Lisboa, dentro de demasiadas complicações. Como se veria através do 0-0 que fecharia o resultado do segundo encontro.
Pelos encarnados, além de Bastos e Palmeiro, jogaram Ângelo, Serra e Alfredo Abrantes, Coluna, Cavém e Calado e Águas. Alguns vencedores da Taça Latina; os outros que viriam a ser campeões europeus. Mas é de Palmeiro que quero falar. Ele que viveu a tristeza de não ter agarrado a Taça dos Campões, mas que em Sevilha deixou rasto. «Palmeiro foi o único dianteiro que, na segunda parte, especialmente, deu uma lição de alegria, marcando inconfundível presença». Lá está, o que eu queria dizer: «inconfundível presença». O golo é dele: primeiro e único. Mas houve outro, também irrepetível. No dia 1 de Dezembro de 1954, na inauguração do Estádio da Luz. Benfica - FC Porto. Nesse tempo eram clubes amigos. Davam-se bem. Palmeiro estava lá, na frente de ataque, com Águas, Coluna e Calado. Aos 10 minutos marca um golo, nesse momento o do empate (1-1). O primeiro golo de um benfiquista no estádio de todos os sonhos. «A inauguração realizou-se em ambiente de exaltação clubista e resultou numa festa admirável, excelentemente organizada, a que deram valiosa colaboração mais de meia centena de clubes de todo o país, representados por 1800 atletas - o Sporting fez desfilar 300!!! - e que foi honrada com expressivo significado». Joaquim Bogalho, «O Homem do Estádio», esteve no centro das cerimónias. Francisco Palmeiro também. Orgulhosamente, a casa Flora de Carcavelos gabava-se de ter fornecido as semanas para a relva do novo estádio.
Sobre a relva, Palmeiro soltava o seu talento: rápido, inesperado, surpreendente. Às vezes parecia que parava, mas arrancava outra vez cheio de uma sagacidade feliz e incontrolável. Foi dele o golo nessa tarde de sol de Inverno. O mesmo sol de Inverno que agora surgiu para lhe dizer adeus."

Afonso de Melo, in O Benfica

Pedalando entre Paris e Lisboa

"No meio de chuva e tempestades, três ciclistas do Benfica superaram um difícil percurso entre as duas capitais.

Em 1926, a secção de ciclismo do Clube teve grande actividade sob a direcção de Alfredo Luís Piedade, um grande impulsionador da modalidade.
O ano ficou marcado pela organização do I Raide Paris-Lisboa, um espantoso empreendimento de 1890 quilómetros, realizando em dez etapas diárias. Toda a organização foi feita por Alfredo Luís Piedade, que fez parte do raide juntamente com Francisco Santos Almeida e João Santos Borges. Os três corredores saíram de Paris no dia 2 de Maio, acompanhados por um automóvel onde seguiam um delegado da União Velocipédica Portuguesa e o fotógrafo do Benfica, Joaquim Coelho Duarte.
Foi uma viagem bastante penosa devido ao mau tempo que se fez sentir em parte do trajecto. Segundo Alfredo Piedade, 'a travessia mais dificultosa foi a parte dos Pirenéus (...). Toda ela, já difícil por ser muitíssimo acidentada também, foi feita debaixo de chuva copiosa e frio intensíssimo', Em algumas etapas, enganaram-se no itinerário, fazendo alguns desvios que lhes valeram um acréscimo de cerca de 200 quilómetros. João Santos Borges acabou mesmo por ficar doente e foi forçado a desistir em Valladolid, Espanha.
Já em Portugal, o mau tempo voltou a complicar o percurso, com uma forte rajada de granizo a surpreender os ciclistas. Na chegada a Lisboa, no dia 11 de Maio, foram recebidos por milhares de pessoas que os aguardavam na Praça dos Restauradores, onde o raide foi concluído às 18h30. Desde as 17 horas que grupos de pessoas se juntavam desde a Avenida da Liberdade até ao Campo Grande, em ambiente de grande festa. Foi a primeira vez que se realizou um raide tão arrojado e, por isso, teve grande simpatia popular.
Com algum custo, no meio de tanta multidão, os ciclistas seguiram de automóvel para a sede da União Velocipédica Portuguesa, onde agradeceram à janela os aplausos e ovações.
Poderá recordar outros feitos do ciclismo benfiquista na área 3 - Orgulho ecléctico do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ana Filipa Simões, in O Benfica

Benfiquismo (CCCLXV)

É altura para mostrar a nossa Raça...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Vermelhão: a Liga da Coacção !!!

Setúbal 1 - 0 Benfica


O Benfica entrou em depressão, apesar de continuarmos a ser líderes, a sequência de maus resultados está a deixar a equipa nervosa, ansiosa, pouco confiante... e além da série de golos ilegais que temos sofrido, os nossos adversários têm quase sempre marcado no 1.º remate que fazem à baliza... Os Benfiquistas do costume, vão defender que quando jogamos mal, não nos podemos desculpar com mais nada... é a treta do costume!!!
Os nossos principais adversários, não jogam nada, nada, mesmo nadinha, mas a partir do momento que ameaçaram a vida aos apitadeiros, em directo, na televisão, nas rádios e nos jornais, tem sido um fartote de roubos, com penalty's fantasmas a desbloquearem jogos, golos em foras-de-jogos, uma catrefada de expulsões perdoadas, intimidação constante aos adversários deles, com cartões atrás de cartões, e raramente terminam o jogo contra 11...!!! E como consequência somam sempre 3 pontos...



O Benfica é o oposto, continuamos com 0 minutos em superioridade numérica, hoje, mesmo com todos os cartões perdoados ao Setúbal, e foram muitos, só em agarrões perdi a conta... o Nuno Pinto, que fez uma falta para Vermelho directo, mas levou Amarelo, poucos minutos depois, quando fez nova falta para o 2.º Amarelo sobre o Carrillo, o árbitro marcou a falta ao contrário para não o expulsar... Faltas ofensivas, perto da área do Setúbal só 20% são assinaladas... nas qualquer 'sopro' que provocou 'mergulhos' aos jogadores do Setúbal dava imediatamente 'apito'!!! Sendo que a maior parte dos 'mergulhos' até eram 'mal dados', mas apesar do mau jeito para o teatro, as paragens constantes no jogo, foram sempre recompensadas...



E se alguém tinha dúvidas, no último lance da partida, não ficou só mais um penalty por marcar a favor do Benfica: ficou um dos penalty's mais escandalosos dos últimos tempos por marcar a favor do Benfica!!! Este é daqueles penalty's que não deixa dúvidas a ninguém, os jogadores estão 'isolados', não existe confusão nenhuma, é claro como a água, penalty clássico... Mas não houve coragem, a coacção feita todos os dias pelos avençados, 'resultou' em mais 1 ponto roubado ao Benfica!!!
E curiosamente este árbitro, até hoje, até tinha sido um dos melhorzinhos deste Campeonato...!!!

Continuamos a ser líderes, temos aquele que poderá ser o jogo do Campeonato na Luz, mas temos que acordar... dentro e fora do campo...
Creio que o fim da janela de transferências de Janeiro vai ajudar... O regresso do Fejsa, já foi uma boa notícia... é verdade que o Sérvio até entrou 'perro' mas com o decorrer do jogo melhorou...
Agora não podemos continuar calados com as movimentações de bastidores, onde o castigo do Rui Vitória é um exemplar claro: uma reunião de emergência do CD, um recurso que não é apreciado em tempo útil... tudo isto com o 'apito' do Hugo Miguel pelo meio, que acredito eu, foi o principal instigador do relatório do árbitro... já que ele era o árbitro de baliza, no 2.º golo do Moreirense no Algarve...!!!

Em relação ao jogo jogado, tivemos um jogo de um sentido, com o Setúbal lá atrás, a dar porrada, e a mergulhar para a piscina... O Benfica foi lento, principalmente nas mudanças de flanco, e que a partir do golo sofrido, atacando contra 11 defensores, não teve criatividade para ultrapassar as várias 'linhas' adversárias (sempre nem protegidas pelo apito...), e com o já habitual anti-jogo constante, premiado com decisões inacreditáveis, como as substituições do Setúbal (tirar canaleiras, simular cãibras... ser assistido e depois sair pela linha de meio campo!!!)...!!!
A ausência do Grimaldo (e do Eliseu...) continua a ser 'fatal'. É verdade que no 'início' o Almeida, acabou por entrar bem na equipa, mas neste momento os nossos adversários já se 'adaptaram'... e dão quase de 'barato' o nosso lateral esquerdo, povoando a zona do Semedo, retirando ao Benfica, a capacidade de furar pelos flancos...
A entrada do Jonas na equipa também não está a 'funcionar' a 100%, é normal o Jonas não estar no pico de forma, a paragem foi muito longa, e não é fácil adquirir o ritmo... creio que nas próximas jornadas o nosso Pistoleiro vai voltar a marcar...

Os entorses do Salvio e do Jiménez, foram outras duas notícias terríveis nas horas que antecederam este jogo!!! Depende sempre do grau do entorse, mas podemos estar a falar de 1 mês sem estes dois jogadores!!! E como se viu hoje, estes dois jogadores fazem falta... principalmente o Salvio que estava em boa forma.
E vamos ver se o Pizzi também não se lesionou... saiu a coxear, e entrou no autocarro a coxear!!!

Vamos ter uma semana para preparar o jogo com o Nacional. Vamos ter dois jogos na Luz. Independentemente das arbitragens, é importante os jogadores 'limparem' a cabeça, e perceberem que apesar de tudo somos líderes e somos melhores...e são os outros que estão atrás!!! A formula, não é difícil, basta recordar os nossos jogos de Outubro, Novembro e Dezembro... basicamente, até aos dois confrontos com o Guimarães, não é preciso descobrir a pólvora...

Benfiquismo (CCCLXIV)

Nem que seja com amuletos...!!!

domingo, 29 de janeiro de 2017

Vitória em Viana...

Viana 0 - 3 Benfica
17-25, 18-25, 24-26

Depois do excelente jogo de ontem, com a Fonte, nova vitoria desta vez em Viana do Castelo...
Na próxima Quarta-feira vamos jogar em França, a 2.ª mão da prova Europeia, depois da derrota na Luz, por 0-3, as esperanças são poucas...

PS: Este fim-de-semana em Braga, o Benfica sagrou-se novamente, Campeão Nacional de Atletismo de Pista Coberta, em sub-20, no sector masculino (heptacampeões) e feminino (bicampeões). Sem truques, sem contratações milionárias...!!!

Masculinos
60 metros - Wilson Pedro (CABB) - 6.89 segundos
200 metros - Mauro Pereira (SLB) - 21.9 segundos
400 metros - Mauro Pereira (SLB) - 49.33 segundos
800 metros - António Moura (SCP) - 1:56.71 minutos
1500 metros - Luís Monteiro (SLB) - 4:06.86 minutos
3000 metros - Miguel Mascarenhas (SLB) - 8:41.72 minutos
60 metros barreiras - Yuben Munary (SLB) - 8.33 segundos
5000 metros marcha - Paulo Martins (SCP) - 22:16.77 minutos
Altura - Nelson Pinto (SCP) - 2.00 metros
Comprimento - Hugo Brígido (GAC-L) - 6.83 metros
Triplo - Pedro Pinheiro (SLB) - 14.45 metros
Vara - Tomás Marreiros (SCB) - 4.55 metros
Peso - Otoniel Badjana (SLB) - 17.17 metros
4x200 metros - SL Benfica - 1:31.77 minutos
Heptatlo - Manuel Dias (SCP) - 4979 pontos

Femininos
60 metros - Marisa Vaz Carvalho (SLB) 7.60 segundos (7.57 seg na meia-final)
200 metros - Carina Vanessa (SLB) - 25.64 segundos
400 metros - Carina Vanessa (SLB) - 57.81 segundos
800 metros - Patrícia Silva (SLB) - 2:14.12 minutos
1500 metros - Patrícia Silva (SLB) - 4:51.28 minutos
3000 metros - Sara Duarte (UDV) - 10:09.19 minutos
60 metros barreiras - Marisa Vaz Carvalho (SLB) 8.44 segundos
3000 metros marcha - Carolina Costa (COP) - 13:47.88 minutos
Altura - Catarina Queirós (AJS) - 1.73 metos
Comprimento - Suzana Cruz (CAMG) - 5.63 metros
Triplo - Suzana Cruz (CAMG) - 11.86 metros
Vara - Bárbara Mota (ACV) - 3.10 metros
Peso - Marisa Vaz Carvalho (SLB) - 12.35 metros
4x200 metros - Sporting CP - 1:47.29 minutos
Pentatlo - Bárbara Silva (AJS) - 3440 pontos

Pinto da Costa e os árbitros

"Na noite de temporal da última quinta-feira, seguindo através da televisão a segunda meia-final (essa mesmo!) da Taça da Liga quando chegou o intervalo, pondo diligentemente de lado o bloco onde registara em gatafunhos muito pessoais os momentos mais vivos dos primeiros 45 minutos do jogo - o golo precoce de Salvio, a não - rendição do Moreirense e, sobretudo, uma quantidade de conclusões péssimas do ataque do Benfica -, voltei a pegar, por desfastio, no livro que Tostão publicou no ano passado, "Tempos vividos, sonhados e perdidos", e que estava ali à mão de semear. Tostão, isto para os mais novos, foi um jogador genial, um dos artífices daquela fabulosa selecção do Brasil que venceu o Mundial de 1970. Terminou muito cedo a carreira, formou-se em Medicina e dedicou-se ao ensino e à escrita. O dr. Eduardo Gonçalves de Andrade sempre fez e continua a fazer tudo bem feito, com bola e sem bola. Folheando distraidamente, confesso, o tal livro de Tostão - os desplantes da equipa do Benfica na primeira parte de Faro impediam, por contágio, qualquer pessoa de se concentrar numa actividade tão nobre como a leitura -, fui parar à evocação de um Venezuela-Brasil de 1969, um jogo de qualificação para o Mundial do México, dando com esta maravilhosa historieta sobre João Saldanha, jornalista e seleccionador do Brasil:"Contra a Venezuela em Caracas, no primeiro tempo perdemos uns dez gols. Irritado, Saldanha nos castigou, proibindo-nos de entrar no vestuário durante o intervalo. Voltámos e ganhámos o jogo por 5-0. Eu fiz trés gols e Pelé fez dois." Não se pode deixar de sorrir perante estas linhas mesmo quando se está a ganhar por 1-0 ao Moreirense com uma exibição lamentavelmente descontraída e, por isso mesmo, nada prometedora.
Deveria o treinador do Benfica fazer ao intervalo o mesmo aos seus jogadores que Saldanha fez às estrelas do "escrete" há quase meio século? Não, nem o nosso Rui Vitória é Saldanha para uma coisa destas nem os tempos são os mesmos...E, diligentemente, fechando o livro, trocando-o pelo bloco de notas, preparei-me para os segundos 45 minutos. Antes não tivesse fechado o livro.
O presidente do Porto veio esta semana a público recordar o processo Apito Dourado de que saiu ileso segundo a sua interpretação dos factos. No entanto, enquanto houver youtube será difícil que a sua opinião prevaleça sobre as demais. Ontem, hoje e, pior ainda, por toda a posteridade."

Benfiquismo (CCCLXIII)

É bom recordar, que este ano,
estamos a tentar fazer,
aquilo, que nem 'estes' conseguiram!!!

Sonhando SLB... Pico

sábado, 28 de janeiro de 2017

Vitória demasiado complicada...

Benfica 5 - 4 Sporting
(1-2)

Jogo difícil, principalmente por nossa culpa: primeiro a falhar golos atrás de golos... e a permitir contra-ataques; depois a conceder faltas 'perigosas' ao adversário; depois a falhar 'bolas paradas' em catadupa...
Tudo isto, demonstrando em todos os momentos ser melhor que o adversário, mesmo jogando abaixo do nosso potencial...
Ironicamente, e depois de vários de erros de arbitragem que prejudicaram gravemente o Benfica (2.º golo do Sporting; penalty logo no início do 2.º tempo não assinalado...; demasiados 'mergulhos' do Sporting sem respectivo castigo por simulação), acabou por ser o Sporting, a 'obrigar' os apitadeiros, a cumprirem as regras, e na parte decisiva do jogo, o Benfica esteve sempre em 'power play' (Girão, Tuco e depois a entrada de um jogador antes dos 2 minutos...), o que acabou por 'facilitar' a vitória!

Não estamos a jogar bem, a derrota com a Oliveirense já tinha demonstrado isso, mas é importante fazer os 3 pontos, mesmo sem jogar bem... Os jogos mais complicados serão nas últimas jornadas, mas antes disso temos a deslocação a Barcelos...
Barcelos na minha opinião, tem mesmo potencial para definir o Campeonato, é preciso ter muito cuidado...!!

Continuo sem perceber a razão do Nicolia marcar quase todas as 'bolas paradas', quando os penalty's deviam ser todos marcados pelo João e os LD's pelo Adroher!!!
Esta semana, falou-se no interesse do Benfica no Ambrósio (jogador do Lodi....) especialista nas 'bolas paradas', na minha opinião seria uma excelente contratação... e se o Diogo Neves regressar, então teríamos o 'problema' resolvido!!!

Vitória em Belém...

Belenenses 22 - 31 Benfica
(13-15)

Estamos nos 1/4 de Final da Taça de Portugal, competição que conquistámos o ano passado, e com um Campeonato sem play-off, a Taça é provavelmente o nosso 'principal' objectivo!!!
Depois da derrota no Campeonato a semana passada, era muito importante regressar às vitórias... e desta vez, não falhámos!

Invencibilidade...

Benfica 3 - 0 Fonte do Bastardo
25-16, 25-20, 25-21

A Fonte está claramente mais fraca, mas o Benfica hoje, fez um excelente jogo... poucas falhas, bem no Serviço, boa vitória...
Espero que o Gaspar não se tenha lesionado.

Empate em Barcelos...

Gil Vicente 1 - 1 Benfica B


Quando se falha 2 penalty's (Pêpê e Digui) e não se ganha o jogo, fica difícil encontrar razões para não ter conquistado os 3 pontos!!!

Muitas ausências: Dias, Dálcio, Joãozinho... e com dois Juniores de 1.º ano no onze inicial: Jota e Zé Gomes...

Vitória eléctrica !!!

Benfica 104 - 66 Eléctrico
20-19, 27-20, 30-12, 27-15

Regresso à 'nossa' realidade, com uma vitória fácil, que por acaso até começou com algumas dificuldades inesperadas... mas quando o Raivio e o Hollis saltaram do banco, as diferenças acentuaram-se!!!
Além do regresso aplaudido, após lesão, do Hollis... destaco em sentido contrário, o facto do Eléctrico ter conseguido 22 ressaltos ofensivos!!!

Uma Semana do Melhor... semana difícil!

Cadomblé do Vata

"1. Rui Vitória disse um dia que "às vezes os jogadores precisam de um abraço, noutras de uma marretada nas costas"... caro Rui tenho em armazém 3 ou 4 marretas, 3 martelos eléctricos e estou a 10 minutos do Estádio do Algarve.
2. Perder uma meia final de Taça da Liga deve ser como comer uma malagueta pela primeira vez... andamos anos a ouvir os consumidores habituais dizer que não custa nada, mas quando experimentamos ficamos de rastos, com azia e coração a mil à hora.
3. Definitivamente em 2017 não nos entendemos com o xadrez... nem vale a pena investirmos na F1, porque vamos-nos estampar sempre na última volta, na recta da meta, quando o nosso piloto começasse a vislumbrar o preto e branco da bandeira.
4. Caro Proença, lembras-te do "penalty" do Yebda? E do fora de jogo do Maicon?... então toma lá a tua final da Taça da Liga entre Moreirense e Braga a 600km do Minho, com 2 ou 3 mil espectadores. 
5. Com esta vitória sobre o SLB, o Moreirense está agora em excelente posição para vencer a Taça da Liga... caso saiam do Algarve com o troféu, à passagem por Lisboa podem pedir emprestada a vitrina que está no Museu do SCP à espera do 19º título, uma vez que por lá não vai ser utilizada nos tempos mais próximos."

Benfiquismo (CCCLXII)

Mais uma vez,
terá que ser mesmo,
contra tudo e contra todos !!!

Jogo Limpo... pela Ericeira!!!

Que sirva de lição

"A última jornada contra o Tondela mostrou quão difícil vai ser a caminhada na luta pelo almejado 36. Vamos ter um caminho difícil, em luta contra um FC Porto que nunca desiste. Boavista foi um aviso, Tondela foi um susto e Moreirense um pesadelo. Não tanto por ser a primeira alegria dos rivais esta época, mas porque temos que fazer mais. Há muito mérito dos de Moreira e há muito demérito do Benfica. A sorte e azar fazem parte do jogo. Esta prova é importante e não vencer é um fracasso. Ficamos pelos sete títulos. Sem meias tintas, parabéns ao SC Braga e ao Moreirense. Quando há mérito de quem vence, são ridículas outras explicações. Que sirva de lição para o resto da época, porque não foi por falta de avisos.
Não gosto de ver o Benfica a gerir o que ainda não ganhou, gosto de ver mais alma, mais vertigem, mesmo que isso tenha riscos. Bem sei que não é só na corrida ou na intensidade que se ganham os jogos, mas, a nível interno, é assim que temos que assumir o jogo.
Vendemos o Gonçalo Guedes por valores que não se podem recusar: €30 milhões é muito dinheiro para honrar compromissos e pagar as contas. Bom negócio, mas é de bons jogadores que se fazem os bons resultados.
Resta olhar o futuro que se chama Vitória de Setúbal, sem mais lamentações. Que venha o Fejsa rapidamente, porque faz falta e faz a diferença. Campeonato Nacional e Taça de Portugal são o que queremos vencer e não é pouco. Perceber que temos de fazer mais e melhor é o único caminho para lá chegar.
Uma palavra final para a categoria das declarações de Rui Vitória na hora da derrota porque ter classe na derrota também é motivo de orgulho.
Por fim um sublinhado para Roger Federer: com 35 anos, numa final de um Grand Slam, recordes atrás de recordes, do melhor jogador de todos os tempos, uma lenda do desporto."

Sílvio Cervan, in A Bola

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Vitória fora do campo

"Tenho por hábito, quando regresso a casa do Estádio da Luz após um jogo da nossa equipa, utilizar a funcionalidade das gravações automáticas para ver o chamado pós-jogo na BTV. Pelas entrevistas, pela conferência de imprensa, pelos melhores lances da partida... Enfim, por se tratar da extensão do triunfo benfiquista que tive o prazer de desfrutar no estádio.
A excelência da transmissão, enormemente beneficiada pelo tratamento jornalístico respeitador do código deontológico do jornalismo, que muitos duvidaram extemporaneamente que viesse a acontecer, além de se tratar de verdadeiro serviço público, engrandece, mesmo por isso, o Sport Lisboa e Benfica. Ser grande, mais que uma questão de dimensão ou de pregação de grandeza, passa sobretudo por atitudes.
No passado fim-de-semana, houve uma novidade. O novo formato da entrevista ao Rui Vitória foi tão surpreendente quanto útil. Em meia hora, o nosso treinador revelou o seu ponto de vista acerca da partida e incidências da mesma. Numa linguagem clara e inteligível, falou de futebol e de dinâmicas de grupo. Quem assistiu à entrevista ficou a perceber um pouco mais do jogo. Mas sejamos claros. Este formato arrojado, por ser inovador, só é possível por Rui Vitória ser o nosso treinador. Creio até que o departamento de comunicação do SLB, também de parabéns pela iniciativa, confiante na capacidade de comunicação de Rui Vitória, pouco terá hesitado em permitir este género de exposição. Vitória, quando fala, nem dá pontapés na gramática, nem se deixa enredar em auto-elogios. Muito menos encadeia citações de manuais de auto-ajuda. Tem ideias e sabe transmiti-las. E o Benfica ganha com isso."

João Tomaz, in O Benfica

Vai em frente, Guedes

"Todas as semanas são decisivas no SL Benfica. Esta é apenas mais uma. É a semana em que se disputa a final four da Taça da Liga. É a semana em que a equipa principal de futebol também irá a Setúbal lutar por mais uma vitória. É a semana em que as diversas modalidades continuarão a lutar para serem campeãs. É uma semana normal no Glorioso, um clube onde a filosofia é a vencer. Vencer em campo, vencer nas bancadas, vencer no mundo dos negócios.
Esta é a semana em que ficámos a saber que Gonçalo Guedes está de saída do Benfica. O miúdo, que me habituei a ver nos jogos dos escalões de formação - transmitidos pela BTV -, vai a caminho de uma carreira internacional. Que tenha sorte e que no próximo clube sinta o carinho, a paciência e o profissionalismo que experimentou no Benfica.
Querem que seja sincero? Não acredito que o vá sentir. Vai ter outros desafios e outras experiências, mas nunca será protegido como em sua casa. Vai ter sucesso, claro, mas vai ter sempre este termo de comparação de excelência que é o actual Sport Lisboa e Benfica.
Foi esse o problema de Lazar Markovic, um outro abençoado do futebol que fez as malas nesta semana para fugir de Portugal. Mas pela porta pequena. Saiu do Benfica por não resistir ao sonho de jogar no Liverpool e falhou. Acabou emprestado ao actual quarto classificado do campeonato português e sai agora quase escorraçado depois de ter sido apresentado como uma alfinetada no Glorioso. Não foi nada disso, foi mais um flop em Alvalade.
Dois jogadores, duas realidades, uma lição para o futuro. Guedes, não te deslumbres e mantém o profissionalismo que faz parte de ti o que reforçaste no SL Benfica."

Ricardo Santos, in O Benfica

Concentração e união

"O folclore mediático a que temos assistido no outro lado da Segunda Circular, serve para nos divertirmos, mas não pode desviar-nos daquilo que é essencial.
Importa lembrar que o Benfica não tem dez pontos de avanço. Tem apenas quatro, sobre um adversário que parece estar em crescendo, tanto em futebol jogado, como em ajudas dos árbitros – os últimos jogos têm evidenciado, quer uma, quer outra coisa.
O Campeonato é muito longo. Faltam 16 jornadas, que serão 16 difíceis finais.
Temos dirigentes, estrutura, treinador, jogadores, sócios, adeptos e confiança mais do que suficientes para alcançar os nossos objectivos. Mas só com absoluta concentração lá chegaremos. Qualquer deslize pode ser fatal. Basta lembrar 2013, para se perceber o pouco que valem quatro pontos. Na altura, faltavam apenas três jogos…
É tentador olhar para o lado, e ver um circo de espalhafato, incompetência, irresponsabilidade, gritaria, vazio e fracasso, da parte de quem tanto fez para nos abater. Quase sabe a justiça divina. Têm o que merecem, e julgo que a vida lhes irá correr ainda pior nos próximos tempos.
Devemos, porém, olhar por nós, e para nós. E olhar para a frente, não para os lados.
Nesta caminhada rumo ao “Tetra”, além do FC Porto, o triunfalismo pode ser o mais perigoso adversário do Benfica. Se o deixarmos entrar, estaremos a permitir que o rival nortenho se aproxime com ele.
Não nos inebriemos, pois, com os males de quem ficou lá para trás. Esqueçamo-los. Ignoremo-los. Estão onde, afinal de contas, sempre nos temos habituado a vê-los.
A nossa luta é outra, e vai ser muito dura. Ninguém duvide disso."

Luís Fialho, in O Benfica

Merci, Gonçalo!

"A transferência de Gonçalo Guedes para o Paris Saint-Germain é a prova provada a excelência da Formação do Sport Lisboa e Benfica. Gonçalo Guedes nasceu, cresceu e evoluiu no Maior Clube Português. Durante 15 anos, o talentoso jovem de Benavente deliciou-nos com jogadas fantásticas, com assistências ímpares, com golos decisivos e foi determinante na conquista de vários títulos em vários escalões. Gonçalo Guedes é mais um produto 'made in Seixal' que vai levar por esse mundo fora aquilo que o Glorioso faz melhor - Formação de Jogadores de Elite.
Com apenas 20 anos de idade, Gonçalo Guedes tem tudo para dar certo. Grato como é, Gonçalo sabe que deve muito aos treinadores com quem trabalhou, em especial Rui Vitória, e tem a perfeita noção de que foram eles que lhe permitiram chegar ao topo do futebol nacional e internacional.
Perante o maior desafio da sua carreira. Gonçalo sabe que só triunfam aqueles que trabalham todos os dias com dedicação, aplicação externa, abnegação contínua, com responsabilidade e motivação na busca incessante de melhores resultados e da excelência. Foram estes valores que aprendeu o resto da sua carreira desportiva.
Há um aspecto pouco destacado em que Gonçalo sempre se revelou único - o orgulho em pertencer à maior instituição portuguesa. Gonçalo sai do Benfica, mas o Benfica não sairá dele.
Por isso, ele será mais um dos nossos grandes embaixadores por essa Europa fora!
A palavra que mais me apetece dizer a Gonçalo Guedes, neste momento, é muito simples - merci!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Miss Piggy

"A Miss Piggy voltou aos palcos da ribalta. Agora apareceu a falar na primeira pessoa e, com ajuda da linha editorial, numa complacência aflitiva, começou a disparar fogo pelos olhos envenenados.
É realmente com confrangedor ouvir vociferar contra calúnias, através de difamações. É tipo 'eu nunca faço mal a ninguém, mas os meus fins-de-semana são passados a bater nas pessoas'. Melhor seria acrescentar 'eu não faço mal a ninguém - durante a semana'.
Sinceramente, fartei-me de a (o) ouvir! É que já nem consigo olhar para a sua cara sem me fazer imediatamente recordar o feriado infantil de fantoches com o seu apogeu na célebre Miss Piggy.
Se o ridículo fosse petróleo, estávamos todos ricos. Só que não é petróleo. Afinal é má educação! E grande abstinência literária!
A loja das antiguidades acaba por ser perpassada por alguns, poucos, intervenientes que se acomodam a fazer-nos lembrar que o mundo é habituado por uns quantos energúmenos. Aquela carinha não engana ninguém!
Por mim, podem continuar a vociferar, mas por favor, vão vociferar, para muito longe daqui. Por qué no te callas?!
Por favor!
(...)"

Pragal Colaço, in O Benfica

Questões

"Era uma vez um filósofo. Esse filosofo fazia a apologia da seguinte tese (cito de cor): «Há mais progresso nas questões postas do que nas respostas encontradas». Tendo a manifestar uma concordância de princípio. Mas, como em tudo o mais na vida, é sempre um risco tomar como certezas adquiridas o que podem ser meras proclamações de generalidades ou formulações abstractas. Por mim, o que sei de ciência certa é que quanto mais procuro saber menos certezas tenho. Talvez por isso não seja totalmente despiciendo fazer passar afirmações vagas ou exercícios efabulatórios pelo filtro da concreta experiência da vida real. Voltemos ao nosso filósofo. Exemplifiquemos o tema com uma concreta situação verídica e outra hipotética abstracta. Assim: diz-se que Hugo Ventura poderá abandonar o Belém ainda nesta chamada janela de transferências. E então? Então isso poderia permitir aos azuis o que, presumo, deve ser um recorde mundial. Como assim? É que não me ocorre mais nenhum caso de algum clube que tenha mudado 4 (quatro!) guarda-redes em meio campeonato. Lembro que ainda não estava concluída a primeira volta e já tinham abandonado o Restelo os guardiões André Moreira, Rafael Veloso e Joel Pereira. Note-se também que Ventura, apesar de ter sido formado nas escolas do Dragão, não é um dos cinco (Fabiano, Ricardo Nunes, Sinan Bolat, André Fernandez e Kadu) guardiões que o FC Porto mantém sob contrato mas que não fazem parte dos plantéis das equipas A e B. A questão, muito singela, é a seguinte: Como é tudo isto possível? Simulemos agora uma pergunta de algibeira: se no futebol o que hoje é verdade amanhã é mentira, não será de admitir o recurso ao polígrafo?"

Bagão Félix, in A Bola

Fim da 'ditadura' na Taça da Liga

"Surpresa no Algarve, o Moreirense derrotou o Benfica e vai disputar, com o SC Braga, a final da Taça de Liga, colocando ponto final na hegemonia encarnada nesta competição. No futebol português contam-se pelos dedos de uma mão as vezes em que o final de uma prova nacional não teve a presença de um dos três grandes e, embora quer a presença de público no Estádio do Algarve no domingo, quer a audiência televisiva da final, inevitavelmente, venham a ressentir-se da ausência, neste caso, do Benfica, estamos perante um sinal de irreverência que pode ser exemplo para os underdogs do nosso futebol. Parabéns pois, Moreirense!
Quanto ao Benfica, em pouco tempo foi o segundo aviso à navegação. Primeiro, foi o Boavista a marcar três golos de rajada aos encarnados; ontem, novo apagão da equipa de Rui Vitória e mais três golos na virada do Moreirense sobre o tricampeão. Ou seja, estamos perante sinais de um padrão de desconcentração competitiva do Benfica que, nesta fase crucial da temporada, deve ser levado muito a sério pelos responsáveis encarnados. Está a faltar qualidade na circulação de bola do Benfica e a qualidade defensiva da equipa decaiu bastante. A explicação pode ser encontrada, parcialmente, na ausência de Fejsa, o pêndulo da equipa, mas não será só por aí que o Benfica está a claudicar. Os encarnados estão a pagar o preço das rotações constantes, especialmente nas alas, no binómio lateral-extremo, traduzido em faltas de rotinas que penalizam a equipa; e, sejamos absolutamente claros, torna-se difícil ao Benfica ser eficaz sem que, ou Mitroglou ou Jiménez estejam em campo."

José Manuel Delgado, in A Bola

Prémio justo para Rui Vitória

"Luís Filipe Vieira decidiu renovar já com Rui Vitória. O treinador - tinha contrato até 2018 - ficará agora ligado ao Benfica por mais três anos, vendo também o seu ordenado aumentado. Percebe-se que o assunto não seria prioritário (não quero dizer que Vitória não tenha mercado lá fora, deve ter, em especial por aquilo que os encarnados têm feito na Champions sob o seu comando), tratou-se acima de tudo de premiar um treinador que pegou na equipa um momento delicadíssimo e contra todas as previsões provou toda a sua competência. Justíssimo, portanto, que Vieira tenha reconhecido e excepcional trabalho desenvolvido por Rui Vitória ao longo deste ano e meio. E a verdade é que se o Benfica tinha um treinador barato, não é pelo aumento que lhe deu agora que assim deixará de ser.
É público que a chegada de Vitória à Luz representou uma redução significativa do peso salarial no que à equipa técnica diz respeito. Para não falar em números exactos, digamos apenas que aquilo que o novo treinador ganhava em três anos era menos do que Jesus auferia numa época apenas. E a verdade é que em nada essa troca afectou o Benfica. Não a nível desportivo, muito menos no aspecto financeiro. Aliás, o encaixe que o clube da Luz fez em 2015/2016 com a chegada dos quartos de final da Liga dos Campeões e já este ano, em que está nos oitavos, daria quase 50 anos de contrato com Rui Vitória. Se a isso juntarmos as vendas de Renato Sanches e Gonçalo Guedes (estes dois em especial, porque a sua ascensão teve muito o dedo do treinador) percebe-se que não é injusto o meio milhão que o Benfica lhe pagará a partir de agora (são esses, mais coisa menos coisas, os números de que se fala). Pelo contrário. Mesmo que lhe dobrassem o vencimento, Rui Vitória continuaria a ser um treinador barato. E que dá muito lucro. E a derrota de ontem não muda nada..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Compromisso

"O clima de desconfiança que se cria entre os intervenientes de um jogo de futebol  leva à descredibilização do próprio jogo. Temos de fazer um pacto de regime de pretendemos criar condições de desenvolvimento para o negócio. A Liga está a fazer um esforço para que a terceira competição nacional, a Taça da Liga, seja levada de forma mais séria por todos, e assim criar valor.
Sou defensor desta tentativa séria de valorizar a competição, bem como de se perceber que valorizando as competições se caminha no sentido de se reduzir a diferença abismal entre os concorrentes. Só equilibrando as competições se consegue o sucesso. Isso obriga a melhorar aspectos que já não correm muito bem nas duas outras competições nacionais. Não podemos dar indicações para que as regras sejam cumpridas de forma rigorosa, e na prática as mesmas sejam interpretadas de forma leviana. Quando se pede a um treinador que dê indicações à sua equipa para que os jogadores tenham cuidado com os tackles, com as entradas por 'cima' ou com o agarrar da camisola do adversário, entre outras, não se pode deixar de ser rigoroso do primeiro ao último minuto na aplicação das regras. As faltas puníveis disciplinarmente têm uma influência decisiva no decorrer do jogo. Evitar a punição nos minutos iniciais leva a que a equipa que sofre as faltas fique desconfiado da atitude de quem dirige a partida. Assim se cria um clima de conflito, provocado muitas vezes por quem dirige, que nos leva a atitudes verdadeiramente negativas. Acreditem que a frio não ficamos satisfeitos. O que se diz a uma equipa à qual se pediu para cumprir as regras... se essas regras depois não são cumpridas?
Dizem que é para controlar, mas só descontrolam quem sente a injustiça. Seria bom que todos os agentes tivessem a oportunidade de jogar e sentir essa injustiça. Perceberiam a revolta. Não se trata de criticar erros técnicos, melhor aceites, mas da aplicação diferenciada das regras consoante o momento de um jogo."

José Couceiro, in A Bola

Benfiquismo (CCCLXI)

Convocatória, para o treino
em 9 de Março de 1905 !!!

Aquecimento... rescaldo da eliminação

Vermelhão: Intervalo suicida !!!

Moreirense 3 - 1 Benfica


Foram 9 anos sem derrotas na Taça da Liga, algum dia teria que acontecer... pena, ter sido hoje, num jogo que estava totalmente ao nosso alcance...

Apesar de várias alterações no nosso 11, a derrota deveu-se essencialmente a uma entrada suicida na 2.ª parte... Cometemos demasiados erros, e depois faltou calma para rectificar... O 'politicamente correcto' vai dar naquelas analises vazias de sentido, onde quem marca merece sempre ganhar, mas o Benfica mesmo com todos os erros defensivos, fez mais do que o suficiente para vencer o jogo: as oportunidades desperdiçadas chegaram a parecer ridículas... Podíamos ter marcado  6 ou 8 golos facilmente, mas os postes, a falta de pontaria e o guarda-redes adversário, não permitiram... O Moreirense nas primeiras 3 verdadeiras oportunidades, marcou 3 golos!!!

Marcámos cedo, e isso talvez tenha ajudado a transmitir a ideia de 'facilidade'... mas mesmo com uma rotação baixa, podíamos ter marcado mais 2 golos na 1.ª parte...
Depois do intervalo, tivemos o tal período 'suicida'... cerca de 10 minutos, mas depois até final, com muito coração, pouca organização e pouca cabeça (e com o anti-jogo nojento pelo meio), foi um massacre de oportunidades falhadas... a maior parte de forma inacreditável!!! E nem o diluvio no final ajudou...
Com as lesões do Fejsa e do Horta, as nossas opções para o meio-campo ficam muito reduzidas!

No meio disto tudo, tivemos uma falta ofensiva na área do Benfica não assinalada no 2.º golo do Moreirense; no 3.º acho que estava fora-de-jogo, mas a RTP não quis tirar as dúvidas... já no 1.º a bola só entrou porque o avançado adversário falhou o remate!!!!!
Aliás a diferença como são assinaladas faltas ofensivas nos Cantos (ou Livres Laterais) na área dos nossos adversários, comparado com o que acontece na nossa área, é nojento...
Isto além do anti-jogo aberrante, constante, com uma inacreditável quantidade de mergulhos para a piscina...

Vários jogadores tiveram 'paragens cerebrais', o Jardel por ser um dos mais experientes surpreendeu-me... o Ederson também tomou algumas decisões erradas... e não é nada habitual, o desperdício do Jonas!!!

Este era um daqueles jogos, onde uma vitória seria sempre considerada normal, e uma derrota poderá ser transformada num descalabro!!! As tentativas de desestabilização são muitas, o resultado desta noite será usado nesse sentido, mas o Benfica sabe perfeitamente qual é o objectivo da época... e neste caso, o grande objectivo é já na próxima Segunda-feira em Setúbal... Com o Nelsinho, com o Luisão, e com o Mitro ou o Jiménez no 11 inicial! E já agora, o regresso do Fejsa seria uma boa notícia... estes golos sofridos de rajada em vários jogos, para mim, devem muito à ausência do Fejsa!!!

PS: Normalmente, neste ocasiões não tenho 'pedidos especiais', mas o comportamento de vários jogadores e do banco (chegaram a atirar uma bola para dentro do campo, para retardar o reinicio do jogo), espero que o Braga vença a 2.ª Taça da Liga no Domingo!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Gestos que fazem um grupo

"Um bom treinador faz um grande grupo (em antítese da grande verdade de que só os maus líderes fazem «fraca a forte gente»)

Marcelo Rebelo de Sousa: um presidente à Benfica
1. Completou-se, anteontem, um ano desde a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Um Presidente à Benfica (embora seja do Sporting de Braga)!
Parabéns, Senhor Presidente da República!

Unir para formar uma equipa
2. Recentemente, Rui Vitória afirmou (e muito bem) que é de «pequenos pormenores que se fazem grandes equipas».
Como os momentos como os que todos presenciámos, nos últimos jogos do Benfica, a provar a tal união, que ajuda a ganhar.
E o que ele está - novamente - a fazer é construir uma nova e grande equipa.
À semelhança do que aconteceu a época passada, quando a maior parte o olhava com desconfiança e com descrença na sua capacidade de ganhar e de construir uma equipa.
Um grupo!
Aquelas palavras foram ditas num determinado contexto, imediatamente após um gesto de grande profissionalismo, de solidariedade e de entreajuda de um jogador para com um colega seu.
No jogo com o Leixões, para a Taça CTT, quase via postal, Jonas - o marcador habitual de grandes penalidades - cedeu a Mitroglou a marcação de um penalty.
Um gesto que não passou a ninguém em claro.
Como não passou, também, em claro a reacção do banco ao grande golo de André Almeida, nesse mesmo jogo.
Ou, no jogo de domingo passado, frente ao Tondela, os festejos do primeiro golo, após as dificuldades iniciais.
Ou, ainda, e também nesse jogo,pela forma como vibraram com o golão de Rafa - por ter sido, efectivamente, um grande golo, de levantar o estádio, e por ter sido ele, em particular, a marcar... o seu primeiro de muitos (como esperamos) ao serviço do Benfica.
Gestos e reacções que fazem um grupo.
E que significam muito a quem assiste, mas sobretudo para quem os orienta e lidera.
Porque, na verdade, um bom treinador faz um grande grupo (e antítese da grande verdade de que só os maus líderes fazem «fraca a forte gente».)

Benfica - Tondela
3. No passado domingo repetiu-se o que tem acontecido nos últimos jogos. Uma primeira parte com muitas dificuldades para ligarmos os vários sectores - inclusivamente as diversas fases ofensivas - que teve consequências na última linha.
De facto, no primeiro tempo, o Benfica não conseguiu desmontar a estratégia do Tondela.
Mérito para o adversário, que nos criou imensas dificuldades, evitando quase sempre lances de perigo, mas, essencialmente, grandes oportunidades para o Benfica, anulando qualquer tipo de movimentos.
Quase irrepreensível - até a defender, embora não espelhado no resultado - esse Tondela!
Uma equipa muito coesa defensivamente.
Por outro lado, tão decisivo quanto a estratégia defensiva, o antijogo do Tondela, concretizado, sobretudo, pelo seu guarda-redes.
Ao invés, uma segunda parte totalmente diferente: dinâmica e com grande ligação entre sectores.
Como se houvesse todo um novo mundo.
Porque passámos a ter o que nos faltara: as movimentações e... os golos.
Jogando e fazendo jogar.
De forma criteriosa e com grande rigor.
Com pormenores extraordinários.
Só assim se conseguiu ultrapassar a estratégia do adversário - e as várias assistências ao seu guarda-redes (uma por cada 2 defesas... já para não falar na eternidade que precisava para marcar cada pontapé de baliza)!
Com aquele adicional de alma à Benfica, porque - como tenho vindo a dizer - só um Benfica assim, em cada jogo, ultrapassará toda e qualquer adversidade.
Um Benfica feito de jogadores a transbordar de mística - mesmo que não tenham aqui nascido, mas que aprenderam a ser do Benfica - que também farão dessa mesma raça e do seu querer um Benfica (tetra)Campeão.

Os passos de uma longa caminhada
4. Este será o nosso maior desafio: o tetra. E, para que isso possa acontecer, só com um Benfica forte e unido. Sem que seja necessário o Presidente e o Treinador prometerem títulos (até porque, sabemos agora, promessas dessas só no tempo do Apito Dourado... por muito que isso custe a alguns).
Ganhar é o nosso objectivo.
Estamos a meio de uma longa caminhada.
No caminho para o sempre ambicionado tetra.
Com plena consciência dos obstáculos que teremos de ultrapassar.
Sem desvalorizar ou menosprezar nenhum dos clubes que nos irão defrontar.
Mas sabendo que a decisão deste campeonato passará, muito, por Braga, onde iremos na 22.ª jornada, mas por onde passarão todos os outros candidatos nesta segunda volta.
Ainda falta muito campeonato.
E muitos pontos para discutir, para ganhar, perder e recuperar.
O que se avizinha não será fácil.
E se não o será para nós, imaginem para outros candidatos que não jogam nada e cujo plantel vale muito menos que o nosso.
E que vão entrar num ciclo de jogos de enorme dificuldade: deslocação ao Estoril; recepção ao Sporting (o que me vou rir... o Sporting, a partir de agora, a só se preocupar com Braga e Porto, pela aspiração recentemente actualizada) e deslocação a Guimarães.
A tal superequipa, a quem - segundo os próprios - não assinalam 2 penalties, em média, por jogo, ou mais, especialmente quando não ganham... porque jogam muito pouco.
Ou seja, por culpa e incompetências próprias.
Mas com muita permissividade dos árbitros.
Porque nunca os ouvi confessar que foram beneficiados, apenas muito prejudicados quando o normal é acontecer o contrário... como no fim da semana passada.
Com a certeza de que farão tudo o que puderem para nos condicionar, impedindo o nosso treta.
Por isso, não tenho dúvidas: vamos voltar a ter de recorrer ao «olho por olho, dente por dente».
Seja contra quem for.
Acreditem!

Gonçalo Guedes
5. Gonçalo Guedes foi o mais recente menino bonito da Luz, lançado, a par de outros tantos jovens jogadores, a partir da nossa formação.
O menino que se impõe como um dos imprescindíveis da equipa (e dos sócios e adeptos)!
Não obstante as adversidades que foi tendo ao longo do seu percurso, nunca teve receio do desafio.
A par de Bernardo Silva, André Gomes, Renato Sanches, Lindelof, Nélson Semedo, entre tantos outros, fez da ambição, vontade e disponibilidade as suas maiores armas.
Sendo, efectivamente,uma aposta ganha.
Demonstrando que, no Seixal, se consegue conciliar o crescimento com mudança de paradigma, mas, muito especialmente, formação com vitórias.
Esta semana soube-se que Gonçalo Guedes sairia para o Paris Saint Germain.
Continuará a jogar entre os melhores.
E será, certamente, bem recebido por Angel Di Maria, para, nas horas de lazer, procurarem saber novas do seu - deles - Benfica.
Do Benfica, de nós todos, fica a gratidão (mútua, por certo) e a promessa de o queremos ver em Maio, juntamente com Renato Sanches, no Marquês
- Miklos Fehér.
Fez ontem... 13 anos!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

O intruso mercado de Inverno

"Lá tem de ser. Mais um defeso invernal, entre dois defesos de Verão. Como o tempo corre e a distância entre defesos escasseia, as movimentações, especulações e outras operações alimentam as notícias de futebol dia-sim, dia-sim. Agora ainda mais vincadamente por ter surgido um intrigante el dourado chinês, para gáudio do regime chinês (ainda oficialmente comunista!) e de várias placas giratórias em regime de bitola comissionista. Sou absolutamente contra esta janela (é assim que se diz, não é?) de transumância desportiva. Vicia a lógica de temporada, põe jogadores em roda-viva antes, durante e após, agrava o fosso entre os poderosos e os outros, trata atletas como mercadoria, hoje podem estar aqui e amanhã são recambiados para sítios de que nunca ouviram falar. 
Presentemente, há uma renovada modalidade de negociar em Janeiro para transferir no Verão. Uma espécie de mercado de futuros, com entrega a prazo e preço acordado agora. às vezes, acompanhado de derivados, mais conhecidos por sobras ou monos. Confesso que também não me agrada esta forma de transaccionar, com os atletas a estarem meia época num limbo futebolístico e a pensar mais nas possíveis lesões do que nas boas exibições.
Bem sei que a estabilidade de um plantel já não é o que era. Agora é uma miragem, de tal sorte que quando me quero lembrar de atletas de há poucos anos nos clubes que mais acompanho, me vejo em palpos-de-aranha, não podendo atribuir tudo ao natural desgaste memorial.
Mas entre aquela estabilidade que já não volta e a total instabilidade que se acelera, não haverá mesmo um meio-termo?"

Bagão Félix, in A Bola

Futebol traído?

"O futebol cria ídolos, heróis, mitos e “deuses”.
Uns são efémeros, outros perpetuam-se numa fusão perfeita com o tempo.
Como desporto tem a sua memória, a sua história, o seu património genético.
Ao longo dos tempos, foi-se construindo, emancipando, evoluindo num constante desafio, sempre sem perder a matriz, os referenciais que lhe dão sentido e que o tornam a única linguagem comum planetária. Ganhou independência, tornou-se o maior fenómeno global, mantendo a sua especificidade sem perder heranças ancestrais na sua base, no seu quotidiano, numa cúmplice e intensa relação entre: memória – presente – possibilidades de futuro.
Quando se perde a memória, perde-se o rumo, perdem-se importantes parcelas da vida, experiências e aprendizagens indispensáveis para a sustentabilidade, encurtando assim o caminho para potencial caos. O futebol estruturou-se em termos de hierarquias, de regras e de funções, de forma local e global, muito antes de se falar de globalização (FIFA: 209 Federações; ONU: 193 países).
Jogo de emoções e de paixões, envolvendo directamente um enorme número de pessoas (jogadores, treinadores, dirigentes, árbitros, médicos, terapeutas e massagistas, intermediários, técnico de instalações, de equipamentos e muitos mais) e uma enorme quantidade de outros que também interferem com o futebol e que o ligam à investigação, ao ensino, às estruturas do poder político, ao marketing, aos patrocínios e ao negócio.
O futebol é, portanto, um mundo dentro do universo.
Desde cedo, evidenciou características que permitem uma crescente progressão e potencialidades de concretização de valores humanos essenciais: solidariedade, vontade de superação, tolerância e integração, reconhecimento justo da competência.
Muitos exemplos da história da humanidade o comprovam.
Claro que, por vezes, surgem distorções, desvios vindos de fora e que se mediatizam em função de uma “colagem forçada” (para servir fins pouco dignos) de grupos com interesses definidos e alheios ao futebol (mesmo que pretendam dar a ilusão de proximidade que nunca é real mas antes estratégia para esconder os verdadeiros objectivos).
Ao longo dos tempos, muitas imagens perduram, muitos títulos e troféus se contemplam, mas são as equipas e os ídolos que, endeusados pelos feitos que conseguiram “oferecer” ao jogo, marcam épocas e são referências que vencem o tempo.
Alguns mantêm-se actuais pelos contributos com que enriqueceram o jogo, outros perderam-se em “tentações” que contariam a sua marca de genialidade como jogadores e que marcam pela negativa o que passaram a fazer contra o futebol.
Sinais dos tempos? Penso que não, provavelmente egoísmos, ambições desmedidas e muitos esquecimentos. Todos os “deuses da bola” atingiram a dimensão universal graças ao jogo e à memória dos adeptos e da comunicação social.
No campo, jogavam de forma brilhante, fantástica, com a simplicidade de beleza única, com elegância, sempre com a arte de encantar.
Pelé, Garrincha, Eusébio, Yashin, Maradona, Johan Cruyff, Beckenbauer, Platini, Ronaldo, Messi, Cristiano Ronaldo, entre muitos outros de uma lista infindável, são intemporais…
No campo atingiram o “paraíso”, mesmo que nas suas vidas alguns tenham encontrado um universo conturbado.
Mesmo assim, são muitos os que continuam a “dar a cara” pelo futebol de excelência, o tal que maravilha e perdura nas mentes de cada um, independentemente da cor da pele, da religião, do local onde vivem. Merecem a nossa admiração.
Contudo, há alguns que nos últimos anos não têm devolvido ao futebol o que ele lhes possibilitou, antes pelo contrário.
Deixando-se contaminar por ventos perversos (nos últimos anos com enorme e péssima influência de Blatter) passaram a usar o jogo não para o engrandecer mas para se engrandecerem (Platini e mais alguns são triste exemplo).
Ontem, surgiu na comunicação social uma notícia que deixa preocupados todos os que gostam de futebol:
“Marco van Basten apresentou dez medidas para melhorar o jogo e torná-lo mais honesto”.
Marco van Basten, excepcional jogador holandês, foi um avançado dos melhores do futebol e autor de golos “impossíveis”, portanto um ídolo que todos apreciam.
Agora, exerce funções de director técnico (ou de desenvolvimento, segundo outras fontes) da FIFA. Todos gostávamos de conhecer os critérios pelos quais ocupa esse cargo bem como se houve definição de perfil, convite ou outro qualquer processo.
Mas o que mais preocupa é o facto desse actual director técnico da FIFA apresentar dez medidas para revolucionar o futebol com argumentos do género “Tenho muita curiosidade sobre o que seria o futebol sem fora-de-jogo” (uma das medidas que sugere).
Com este cargo, divulgar numa entrevista as “10 medidas que podem vir a revolucionar o futebol”, no mínimo parece ligeireza e no máximo falta grave de memória sobre o jogo que o promoveu. Para além de esquecer a especificidade do jogo (as raízes) sugere adaptações que são próprias do andebol, do basquetebol, do râguebi e até do hóquei em patins.
Como cidadão tem direito a expressar a sua livre opinião.
Nas funções que exerce perdeu uma boa oportunidade para identificar os principais problemas que afectam o desenvolvimento do futebol e de enviar as sugestões sobre alterações para o local apropriado: International Football Association Board (IFAB) que é o órgão que regulamenta as regras do futebol.
As suas ideias englobam: “Abolição do fora-de-jogo; suspensões temporárias para substituir o cartão amarelo que desaparece; um shot-out (corrida de 25 metros até á baliza adversária com oito segundos para finalizar) para substituir as grandes penalidades para desempatar jogos; paragem do relógio nos últimos dez minutos, nos tempos mortos, para se combater o antijogo; só o capitão deve falar com o árbitro; limitação do número de faltas e exclusão do jogador que atingir esse limite; diminuição do número de jogos por época, a cerca de 50; aumentar o número de substituições nos prolongamentos; substituição de jogadores sem paragem do jogo; no futebol profissional manter o 11 x 11 mas nas camadas jovens e para maiores de 45 anos utilizar-se o 8 x 8 em campo reduzido”.
Revela desconhecimento da progressão faseada que se utiliza, em diversas latitudes, para os escalões jovens e muitas confusões.
Não se nega a possibilidade de evolução sempre necessária.
De facto, houve alterações que trouxeram influência positiva ao jogo, como é o caso da proibição do guarda-redes agarrar uma bola vinda directamente de um passe com o pé ou de um lançamento de linha lateral de um colega de equipa.
Também o sistema de comunicação entre os árbitros se revelou bastante positivo, hoje indispensável. Mas daí a lançar para o ar ideias, sugestões, por apetite ou “curiosidade” pessoal, especialmente quando se exercem funções de grande responsabilidade na FIFA, não devia acontecer, se verdadeiramente se pretende defender a estabilidade do próprio jogo.
Esta confusão em apresentar publicamente o que cada alto dirigente pensa ou gostava que fosse experimentado para satisfazer a própria curiosidade para o que possa acontecer no futebol (particularmente das instituições que dele deviam cuidar muito bem) começou a ter maior “roda livre” após o desempenho do antigo presidente Blatter.
A tendência de “homogeneizar” é sempre um prejudicial erro de casting (veja-se também os nossos actuais cursos de treinadores...).
O futebol desperta inúmeros apetites… Os dirigentes das estruturas e superestruturas devem saber encontrar com competência, investigação cuidada, reflexão profunda, rumos possíveis para o desenvolvimento… Sem manifestações, tiques de vaidades redutoras ou meras opiniões pessoais próprias de conversas informais à mesa de um café.
Já se revelaram muitas e lamentáveis desilusões com vários ídolos (Platini, Beckenbauer e outros…). Agora também com Marco van Basten.
Ninguém contava.
“Mas como Coubertin era um estratega do soft power, sabia que as pessoas falam muito em mudar para depois, quando se trata de realmente mudar, mudarem o menos possível.”
(Gustavo Pires, olimpicamente a ruptura de Pierre de Coubertin com a Educação Física, FMH, 2014;50, Lisboa)
O futebol nunca é vencido!"