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domingo, 12 de junho de 2011

Ser...

Costumo transcrever Colunas de Opinião, publicadas nos Jornais, mas não costumo fazer copy/pastes de Post's, abro aqui uma excepção. Num fim-de-semana onde as coisas não correram nada bem para o Benfica, esta liturgia do nosso Lucífer torna-se ainda mais pertinente. Apesar da minha mais reduzida experiência de vida, partilho inteiramente as palavras que seguem:


"Sem querer ser chato, volto à questão de como encaro o "Ser Benfiquista". Sou Benfiquista desde pequenino (desde que entrei para a Escola Primária, por obra e graça da Professora) e já ultrapassei as seis décadas de vida. Por isso penso que muito poucas pessoas me darão lições de Benfiquismo. Fizeram-me Benfiquista, ao mesmo tempo que me inculcaram determinados valores que se projectavam no Clube, que era afinal um conjunto de vontades irmanadas numa luta contra o sistema vigente, um grito de revolta das classes mais desfavorecidas, uma raiva angustiada de quem é explorado, um assomar de Orgulho nas suas modestas raízes, um hino de Vaidade de quem não tem mais que oferecer que a força de trabalho dos seus braços. Mesmo assim o Amor ao GLORIOSO temperou-se na rija determinação de desviar parcos recursos para ajudar a viver o...BENFICA. Tem o GLORIOSO, uma historial de actos que roçam o heroísmo, por parte dos seus Fiéis. Isso nos faz diferentes e superiores.
É isto que os senhores que "pensam" o BENFICA não conseguem entender. Como não entendem que se pare a guerras para ouvir relatos do BENFICA. E referem-se amiúde à História do GLORIOSO e não percebem nada de nada. Para eles a História do Eterno BENFICA começa na década de Eusébio. Dizem que aí sim fomos grandes, agora não. Eu contraponho que nascemos, somos e seremos grandes. Talvez que muitos que se arvoram de Benfiquistas e botam faladura, nem sequer lhes passe pela cabeça o que é ser verdadeiramente BENFICA. Ser Benfiquista é saber perder e ganhar, mas nunca assobiar quem quer que seja dos nossos. Ser Benfiquista, nao é só querer ganhar. Ser Benfiquista nao é conformar-se com os resultados menos bons. Ser Benfiquista é viver o BENFICA, nao é nem nunca será "vestir o fato de gala" nas vitórias. Ser Benfiquista é respeitar o Presidente, o cargo mais importante do Mundo, pois na noite negra do fascismo salazarento, ser-se Presidente do GLORIOSO era uma chapada de luva...vermelha à cara do regime, com eleições livres e bastante participadas.
Enormes Benfiquistas como a Enciclopédia-Viva Miguéis, preocupam-se em analisar quem tem mais títulos, se o BENFICA se os andrades. Quanto a mim erradíssimo. Estamos a ir na conversa dos andrades. Se eles querem ter mais títulos pois que os tenham. Nós devemos cingir-nos a dizer-lhes que foram necessários 30 anos de putas fatelas, alternadeiras, cafézinhos, envelopes vazios, árbitros subornados, arcas frigoríficas, jantares em marisqueiras, recibos de despesas apresentadas na torre das antas, agressões a jornalistas, jantes desaparafusadas, amarelinhas, penalties fantasmas, bolas de golfe, apitos dourados silenciados, aveiros conection sem efeito, pacotes de heroína, contrabando de dentes de elefante, chocolatinhos, clubes satélites, férias a árbitros pagas, bilhetes a juízes para jogos na estranja, conselhos matrimoniais, para poderem dizer que têm mais títulos que o BENFICA.

Outra questão é a dos Benfiquistas que apregoam contra o facto de termos muitos estrangeiros. E depois? Querem portugueses? Pois sim. Para ter exemplos como o Manuel Fernandes que agora quer regressar, Tiago idem idem aspas aspas, Pacheco, Miguel, Quim, Rui Águas, e o Benfiquista desde pequenino do Coentrão e mais uns quantos, que cospem no prato onde comeram...está tudo dito. Quero é jogadores que sintam a camisola, e se saírem do Clube, que se sintam honrados por terem vestido o Manto Sagrado.Para mim não me importa donde vêem, importa que lutem pelo Sagrado EMBLEMA da ÁGUIA."

Lucífer, in Em Defesa do Glorioso

Sina






Mais do mesmo, o Benfica a assumir o jogo, a atacar, a falhar golos, a falhar, a falhar e a falhar... a oferecer um golo ao adversário, e a continuar a falhar golos atrás de golos, e finalmente a empatar. Curiosamente os minutos a seguir ao empate foram os piores momentos do Benfica, mas depressa se voltou ao mesmo, isto é, o Benfica a falhar, a falhar, e o Sporting no contra, também falhou alguns (muitíssimo menos), mas a 1 minuto do fim, a marcar... Com o Benfica a tentar o 5 para 4, na primeira tentativa o Sporting sem guarda-redes na baliza marca!!! E o jogo acabou...

Será muito difícil (mesmo impossível) ganhar os próximos 3 jogos, não porque a equipa não tenha talento ou capacidade, mas porque além do tremendo 'galo' do nosso adversário, nós neste momento para marcar 1 golo, temos que falhar escandalosamente 20!!! E com esta média não se pode ganhar...

Tal como no Volei, depois de dominar a fase regular, vamos provavelmente perder o título no Play-Off, algo extremamente raro na história das modalidades em Portugal. O radical abaixamento de forma a seguir à UEFA Cup tornava este cenário previsível. Durante as lesões do César e do Diece a equipa conseguiu reagir, mas a lesão do Joel trouxe à equipa uma falta de confiança e uma ansiedade inexplicável, sendo que o César e o Diece nunca conseguiram atingir os mesmos níveis de forma após as lesões...

PS: Apesar da desilusão é inaceitável colocar-se em causa atitude dos jogadores do Benfica. Por outro lado, a atitude dos jogadores do Sporting, principalmente em vantagem, picando constantemente os adversários, agredindo e simulando agressões, tentando 'tirar' cartões ao Benfica constantemente, recusando-se a 'dar' os 5 metros nas faltas favoráveis ao Benfica, é altamente condenável. Não é surpresa, a cultura desportiva portuguesa está cheia destes exemplos, mas...

Marisco

"A grande novidade da época futebolística que agora findou foi o marisco. A substituição da fruta, de consumo interno, pelo marisco, para consumo externo, provocou um alteração qualitativa na avaliação do Sistema. O Sistema deixou de ser apenas uma vergonha nacional, confirmando-se, com a história do marisco, como uma vergonha internacional. Até porque a nível nacional, com a máquina de propaganda que o sistema controla, não há vergonha nenhuma. De maneira que foi necessário que um jornal lá de fora levantasse a lebre - ou mais propriamente, a lagosta - para que se soubesse que o Futebol não se tem andado a jogar apenas no relvado: também se tem decidido à mesa entre crustáceos e moluscos. Durante a temporada do marisco houve também notícias frescas sobre a velha fruta. Mas o Sistema, acontecendo os maiores escândalos, não acontece nada.

A segunda maior novidade, da época, como diria sir Alex Fergunsson, foi que eles lá continuam a comprar títulos no supermercado. Em saldo. Porque nisto da compra de títulos, quantos mais se compram,mais fácil se torna continuar a comprar. Com dinheiro dos títulos, roubam-se e compram-se jogadores para alimentar uma equipa principal e uma dezena de equipas B, colaborantes.

Com todo este sistemático arranjinho, cada vitória do Benfica vale simbolicamente a dobrar: pela vitória sobre um adversário e por uma derrota do Sistema. É difícil? Claro. Vida fácil têm as mães dos batoteiros.


Nota solta: O título de Hóquei em Patins não se decidiu à 30ª jornada; decidiu-se à 22ª, quando o Candelária, dos Açores, vencia por 3-1, a 50 segundos do fim e em menos de um minuto a equipa passou a mera espectadora, assistindo à reviravolta: 3-4 para os do costume. Deve ter sido efeito dos cavacos e cracas, mariscos locais."


João Paulo Guerra, in O Benfica